Inesquecível Antonio Gilberto


Na última segunda-feira (30 de julho de 2018), o Senhor Jesus chamou para si o mestre Antonio Gilberto, maior erudito que conheci, a despeito de ele mesmo nunca ter feito questão de revelar-se como tal. Dizer que o irmão Gilberto é meu pai, meu mestre, meu pastor e meu amigo, como eu fiz nas redes sociais, pode soar como uma tentativa de “capitalizar”, de querer mostrar que éramos amigos íntimos, confidentes etc. Por isso, para ser bem sincero, eu nunca me considerei muito íntimo desse ícone da Assembleia de Deus. Sinto-me até distante dele, em certo sentido.

Tive o privilégio, na verdade, de trabalhar com ele na CPAD, onde almoçávamos juntos e caminhávamos, às vezes, após o almoço. Além disso, me congregava na mesma igreja dele (Assembleia de Deus de Cordovil, no Rio de Janeiro-RJ), onde ouvia seus ensinamentos, e também viajei com ele algumas vezes, conversei várias vezes por telefone, visitei sua casa (poucas vezes) e o recebi em minha casa (apenas uma vez) etc. Mas sempre achei muita pretensão de minha parte querer ser alguém próximo dele. Deus o sabe.

Quase sempre era ele quem me ligava. Minha esposa dizia: “Ligue para o pastor Gilberto”. Mas eu tinha um bloqueio autoimposto. Deus o sabe. Ligava pouquíssimas vezes para o irmão Gilberto, sempre com muita dificuldade, talvez porque não me considerasse digno de sua amizade ou por temer importuná-lo. Quase todos os nossos contatos pessoais tiveram iniciativa dele. Ele é quem me ligava, se importava comigo, queria saber o que estava acontecendo... O que Antonio Gilberto, então, representa (verbo no presente) para mim? Independentemente do contato pessoal que tivemos — que não foi tão grande, como muitos pensam —, o que sou hoje devo em grande parte a esse mestre pentecostal. E isso porque Deus o quis!

Sem dúvida, quem uniu nossas almas foi o Senhor Jesus. Não foi nada além disso. Não foi amizade construída ao longo do tempo, tampouco interesses outros. Foi o Senhor quem tudo preparou! Deus nos uniu antes mesmo de nos conhecermos pessoalmente, quando eu, ainda um adolescente, em São Paulo, lia um de seus clássicos: A Bíblia Através dos Séculos. Ali começou tudo. E, desde então, esse servo de Deus passou a me influenciar e continuaria fazendo isso, houvesse o que houvesse.

Entretanto, quis Deus que nos conhecêssemos pessoalmente. Quis Ele fazer com que eu me sentisse como Timóteo aos pés de Paulo. O que, então, determinava e determina o meu profundo amor por ele? Não foi o fato de vê-lo ou de conversar com ele diariamente. Não é o fato de ele estar vivo ou morto. Aliás, nosso Deus é Deus de vivos, e não de mortos (Mt 22.32). Para mim, assim como Abraão, Isaque e Jacó, Antonio Gilberto está vivo! Ele apenas mudou de residência! O que determina — e sempre determinará — o meu amor por ele é o fato de saber que somos e sempre seremos um, em Cristo.

Hoje, o irmão Gilberto não está entre nós, porém continua me influenciando, em tudo. Ele nunca deixou de me influenciar, aliás. Penso nele diariamente. Lembro-me dos momentos que tivemos juntos e dos que poderíamos ter tido, se Deus o quisesse. Converso com seus textos, especialmente os das apostilas que ele me deu de presente.

Sabe de uma coisa? Embora seja pecado acrescentar palavras à Bíblia, em certo sentido — quem lê entenda — eu inseri dois nomes à galeria dos heróis da fé de Hebreus 11: o evangelista Valdir Bícego (1939-1998) e o mestre Antonio Gilberto (1927-2018). E, da mesma forma que leio os feitos de Enoque, Noé, Abraão, Davi, Samuel etc. com alegria, me lembro dos atos desses dois pastores com muita satisfação!

Somente a eternidade revelará a importância desses dois ícones da Assembleia de Deus, "homens dos quais o mundo não era digno" (Hb 11.38), para o ministério que Deus me outorgou. Ambos estão com o Senhor Jesus, mas deixaram um grande legado! E, por isso mesmo, tenho a missão de continuar reverberando o que aprendi com eles.

À parte desse meu sentimento particular — que ninguém pode tirar de mim —, aproveito mais uma vez para transmitir à querida irmã Iolanda e a toda família do irmão Gilberto as minhas condolências. Que o Senhor Jesus os conforte e os fortaleça mais e mais, derramando sobre todos toda sorte de bênçãos. Consolemo-nos uns aos outros com o que está escrito em 1 Tessalonicenses 4.16-18. “Ver-nos-emos, ver-nos-emos, ver-nos-emos na terra divinal; ver-nos-emos, ver-nos-emos, ver-nos-emos junto ao rio sem igual” (hino 215 da Harpa Cristã).

Ciro Sanches Zibordi

Comentários

Misael Ribeiro disse…
Pastor Ciro, parabéns pelo texto, ele é a expressão da verdade daqueles que realmente e desinteressadamente privaram da amizade, do amor, do pastoreio, dos conselhos, dos ensinamentos e, principalmente, da lição de humildade de vida que o querido Pr. Antônio Gilberto transmitia. Ele já descansa nos braços do Senhor; ele já vivencia a realidade espiritual que ele tanto ensinou. Não mude o seu modo de entender e ensinar a Palavra de Deus, o seu jeito de ensinar é produto do que o senhor aprendeu e entende como certo da parte do Pr. Antônio Gilberto. Continue em frente, logo logo estaremos nos encontrando com o nosso Salvador Jesus e, certamente, reencontraremos o nosso professor querido. Um grande abraço e fica com Deus!
LUCIANO NOGUEIRA disse…
Paz da parte de Cristo Jesus. Não tenho nem palavras para descrever como me fez bem adquirir todos os exemplares desse grande erudito da Palavra de Cristo. O admirava muito, Deus o sabe. Lágrimas nos olhos!!!
LUCIANO NOGUEIRA disse…
Grande mestre!!!
Paz do Senhor, prezado Pr. Ciro. Eu também, embora não tenha conhecido o saudoso Pr. Antonio Gilberto, pessoalmente, sempre o admirei e 'conversei com os seus escritos': A Bíblia através dos séculos, Manual de evangelismo pessoal, Manual da Escola Dominical e muitos comentários de Revistas Lições Bíblicas, que ele elaborou. Assisti também a muitos estudos dele pela internet.
Mas, uma das coisas que mais me influenciou e servirá como referencial em minha vida de obreiro, é a ética, simplicidade e humildade do Pr. Antonio Gilberto, a despeito do seu vasto conhecimento teológico.
Unknown disse…
Como eu queria ter tido a oportunidade de conversar com este grande mestre pessoalmente. Até planejei uma visita à sua igreja, mas a distância me impossibilitou de realizar tal ato. Contudo, o que aprendi como esse professor jamais perderei. É com muita dor no coração que escrevo essas palavras, pois nos dias de hoje não é fácil encontrar um teólogo à altura do pastor Antonio Gilberto, embora haja muitos estudiosos consagrados da palavra de Deus. Sei que ninguém é perfeito, mas o crédito que eu dava aos seus ensinos outros professores bíblicos estão longe de alcançar. No entanto, fico feliz pelo fato de ele agora estar vivendo a plenitude de tudo que nos ensinou acerca da eternidade. O que me resta dizer agora é: um pouco de lágrima não mata ninguém...