Teólogos calvinistas e arminianos vêm debatendo há séculos a respeito do alcance da obra salvífica de Cristo, mas não a ponto de cometerem heresias. De modo geral, os primeiros creem em uma expiação restrita, afirmando que o Senhor Jesus teria provado a morte, de modo eficaz, somente pelos eleitos (cf. Mc 10.45). Já os arminianos defendem que Jesus morreu por toda a humanidade, mas somente “aquele que nele crê” (Jo 3.16) é efetivamente salvo (cf. 1 Tm 2.4-6). O universalismo é uma perigosa heresia, condenada tanto por calvinistas como por arminianos que se prezam.
“Os evangélicos, de modo global, rejeitam a doutrina do universalismo absoluto (isto é, o amor divino não permitirá que nenhum ser humano ou mesmo o diabo e os anjos caídos permaneçam eternamente separados dEle). O universalismo postula que a obra salvífica de Cristo abrange todas as pessoas, sem exceção” (PECOTA in HORTON, p. 358). Observe que o universalismo extremado prevê a salvação até do Diabo! Para os teólogos pentecostais, a heresia em apreço — quando levada às últimas consequências — é o ensino “segundo o qual todos os seres humanos, anjos e o próprio Satanás acabarão sendo salvos e desfrutarão eternamente do amor e da presença de Deus para sempre” (HORTON, p. 803).
Poucos teólogos universalistas, na atualidade, têm a coragem de afirmar que Deus é tão amoroso, a ponto de salvar o próprio Diabo. Mas Ed René Kivitz, pastor e filósofo ligado ao movimento Missão Integral, tem afirmado, especialmente com base em João 1.29, que o pecado não está mais presente na relação entre Deus e os homens. Com base nisso, há alguns anos, ele ousou dizer que poderemos encontrar até Hitler no céu (!), não porque esse tirano tenha se arrependido antes de morrer (!!!), e sim porque Deus já tirou o pecado do mundo. Em outras palavras, todos serão salvos, haja o que houver, pois o pecado não mais existe (KIVITZ, 2013).
Kivitz interpreta a frase “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” de modo isolado, fora do seu contexto imediato e remoto, e sem considerar os três aspetos da obra salvífica: posicional, progressivo e perfectivo. À luz das Escrituras, a nossa preciosa salvação pela graça de Deus abrange passado, presente e futuro. No passado, a salvação é posicional: como já fomos justificados, regenerados e santificados, estamos "em Cristo" (2 Co 5.17; Ef 2.1-6). No presente, a salvação é progressiva, uma vez que, a cada dia, somos mais santos (Hb 12.14), operando a nossa salvação com temor e tremor (Fp 2.12). E, no futuro, ela será perfeita (Fp 3.19,20); este aspecto perfectivo da nossa salvação está ligado a outra dimensão, na glória, quando estivermos para sempre com o nosso Deus (Rm 8.18; 1 Pe 5.1). Nesse caso, hoje estamos libertos, em Cristo, do poder do pecado. Mas, somente na glória, estaremos livres da presença do pecado.
Qual é, pois, o erro de Kivitz? Ele afirma, em outras palavras, que Deus, hoje, já nos livrou da presença do pecado, contrariando o que está escrito em Gálatas 5.16-26. Ademais, ele não apenas defende a ideia falaciosa da libertação da presença do pecado, no presente, mas comete erro maior, ao afirmar — ou sugerir, pelo menos — que haverá salvação automática de todos, inclusive de Hitler, sem fé e arrependimento, uma vez que Jesus já teria tirado o pecado do mundo. Esse pensamento é, sem dúvida, uma grande heresia, haja vista a Palavra de Deus ser clara quanto à necessidade de o ser humano precisar crer e se arrepender para receber a preciosa salvação pela graça de Deus (Mc 1.15; Jo 3.36; At 3.19; Rm 10.9,10).
Ciro Sanches Zibordi
Referências
HORTON, Stanley M. Teologia Sistamática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
KIVITZ, Ed René. A Heresia da Graça Barata! (vídeo). Igreja Batista Jardim Marambá, 15 nov. 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pIY0_E1jlnE. Acesso em: 25 jun. 2015.
PECOTA, Daniel B. A Obra Salvífica de Cristo. IN: HORTON, Stanley M. Teologia Sistamática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
“Os evangélicos, de modo global, rejeitam a doutrina do universalismo absoluto (isto é, o amor divino não permitirá que nenhum ser humano ou mesmo o diabo e os anjos caídos permaneçam eternamente separados dEle). O universalismo postula que a obra salvífica de Cristo abrange todas as pessoas, sem exceção” (PECOTA in HORTON, p. 358). Observe que o universalismo extremado prevê a salvação até do Diabo! Para os teólogos pentecostais, a heresia em apreço — quando levada às últimas consequências — é o ensino “segundo o qual todos os seres humanos, anjos e o próprio Satanás acabarão sendo salvos e desfrutarão eternamente do amor e da presença de Deus para sempre” (HORTON, p. 803).
Poucos teólogos universalistas, na atualidade, têm a coragem de afirmar que Deus é tão amoroso, a ponto de salvar o próprio Diabo. Mas Ed René Kivitz, pastor e filósofo ligado ao movimento Missão Integral, tem afirmado, especialmente com base em João 1.29, que o pecado não está mais presente na relação entre Deus e os homens. Com base nisso, há alguns anos, ele ousou dizer que poderemos encontrar até Hitler no céu (!), não porque esse tirano tenha se arrependido antes de morrer (!!!), e sim porque Deus já tirou o pecado do mundo. Em outras palavras, todos serão salvos, haja o que houver, pois o pecado não mais existe (KIVITZ, 2013).
Kivitz interpreta a frase “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” de modo isolado, fora do seu contexto imediato e remoto, e sem considerar os três aspetos da obra salvífica: posicional, progressivo e perfectivo. À luz das Escrituras, a nossa preciosa salvação pela graça de Deus abrange passado, presente e futuro. No passado, a salvação é posicional: como já fomos justificados, regenerados e santificados, estamos "em Cristo" (2 Co 5.17; Ef 2.1-6). No presente, a salvação é progressiva, uma vez que, a cada dia, somos mais santos (Hb 12.14), operando a nossa salvação com temor e tremor (Fp 2.12). E, no futuro, ela será perfeita (Fp 3.19,20); este aspecto perfectivo da nossa salvação está ligado a outra dimensão, na glória, quando estivermos para sempre com o nosso Deus (Rm 8.18; 1 Pe 5.1). Nesse caso, hoje estamos libertos, em Cristo, do poder do pecado. Mas, somente na glória, estaremos livres da presença do pecado.
Qual é, pois, o erro de Kivitz? Ele afirma, em outras palavras, que Deus, hoje, já nos livrou da presença do pecado, contrariando o que está escrito em Gálatas 5.16-26. Ademais, ele não apenas defende a ideia falaciosa da libertação da presença do pecado, no presente, mas comete erro maior, ao afirmar — ou sugerir, pelo menos — que haverá salvação automática de todos, inclusive de Hitler, sem fé e arrependimento, uma vez que Jesus já teria tirado o pecado do mundo. Esse pensamento é, sem dúvida, uma grande heresia, haja vista a Palavra de Deus ser clara quanto à necessidade de o ser humano precisar crer e se arrepender para receber a preciosa salvação pela graça de Deus (Mc 1.15; Jo 3.36; At 3.19; Rm 10.9,10).
Ciro Sanches Zibordi
Referências
HORTON, Stanley M. Teologia Sistamática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
KIVITZ, Ed René. A Heresia da Graça Barata! (vídeo). Igreja Batista Jardim Marambá, 15 nov. 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=pIY0_E1jlnE. Acesso em: 25 jun. 2015.
PECOTA, Daniel B. A Obra Salvífica de Cristo. IN: HORTON, Stanley M. Teologia Sistamática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
Comentários
Deus te abençoe Pastor Ciro
Forte abraço, Tiago.
http://www.cpadnews.com.br/blog/cirozibordi/apologetica-crista/152/o-perigoso-universalismo-pregado-pelo-irmao-ed-rene-kivitz.html
Minha abordagem, como a irmã percebeu, não é "ad hominem". Ademais, ela decorre de uma observação cuidadosa, segunda a reta justiça (Jo 7.24).
Em Cristo,
CSZ
Leia o texto contido no link abaixo:
http://www.cpadnews.com.br/blog/cirozibordi/apologetica-crista/152/o-perigoso-universalismo-pregado-pelo-irmao-ed-rene-kivitz.html
Em Cristo,
CSZ
CSZ
Desde 2010 acompanho os artigos, vídeos, livros, palestras, de maneira nenhuma vejo o pastor Ed. Rene fazer tal defesa comentada no artigo acima, já ouvi o mesmo dizer que vontade dele ( Ed. Rene )que todos fossem salvos e eu acredito que seja também a nossa vontade.
Ficou muito preocupado com teologia que não transformam vidas!!!
Rubens Dyego Benevides Araujo
Paz!
Como já relatei, por já ter ouvido e lido inúmeras mensagens do pastor Ed René, é que resolvi fazer este comentário. Respeito à preocupação do Pastor Ciro, mas não concordo com a interpretação que fez, em relação ao pastor Ed René, e também entendo que temos que tomar muito cuidado para não cometermos injustiça, ainda que somos sujeitos à falhas, mas devemos evita-las ao máximo.
Que a Graça e o Amor de Deus nos revele a verdade da revelação da Palavra do nosso Senhor. Abraços a todos.
Já li e ouvi várias mensagens do pastor Ed René e nunca o vi pregando uma mensagem com conotação Universalista. Entendo que é um servo de Deus, que se em ensinar aos cristãos que deve-se praticar mais o Amor ensinado pelo Senhor Jesus Cristo, a importância de que devemos envidar esforços para perdoar o nosso próximo, e não julga-los, pois a Deus pertence o poder de julgar.
Respeito o opinião do pastor Ciro, mas não concordo com o mesmo, e penso que devemos ter muito cuidado com o julgar, somos todos homens e, por essa condição, todos somos passíveis de cometer falhas. Que a Graça e a Paz do nosso Senhor Deus nos ajude a compreender a revelação de Sua Palavra. Abraço a todos.
ROBERTO PACHECO DA SILVA.