O cristão deve participar do Natal secular?

Não sabemos, ao certo, quando o Senhor Jesus nasceu. O que sabemos é que Ele não nasceu em 25 de dezembro, pois, nessa época do ano, o forte frio na Judeia inviabilizaria a iniciativa imperial de realizar um alistamento (Lc 2.1-3). E isso é reforçado pelo fato de os pastores de Belém estarem no campo na noite de Natal (v. 8).

Até o século III, o nascimento de Jesus era comemorado no fim de maio, no Egito e na Palestina (que nada tinha que ver com a Palestina de hoje). Em outros lugares, a celebração ocorria no começo de janeiro ou no fim de março. O imperador Aureliano estabeleceu, em 275, a comemoração obrigatória do Natalis Invicti Solis (Nascimento do Sol Vitorioso) em 25 de dezembro. E, a partir de 336, o romanismo, fazendo uma unificação de várias festas religiosas, adotou essa data oficialmente para a comemoração do nascimento de Jesus.

Independentemente de Jesus não ter nascido em 25 de dezembro e de ninguém saber, ao certo, quando Ele nasceu, nos dois últimos meses do ano só se fala em Natal. E, mesmo que muitos não saibam a diferença entre o Natal de Cristo, pelo qual se celebra o nascimento do Senhor Jesus Cristo, e o Natal secular, no qual o Aniversariante torna-se um mero coadjuvante, a celebração existe, sendo inútil ignorá-la. Diante dessa constatação, como devemos nos comportar nessa época de festas?

Em primeiro lugar, podemos aproveitar esse período do ano para apresentar ao mundo o Protagonista do Natal: Jesus Cristo. E isso pode ser feito por meio de cantatas ao ar livre e nos centros comerciais, cultos e mensagens especiais, evangelísticas, nos templos, publicação de textos alusivos ao nascimento de Cristo, etc. Além disso, não precisamos demonizar o Natal secular por causa do que afirmei sobre 25 de dezembro. Afinal, nas datas festivas de fim de ano, com muito ou pouco dinheiro no bolso, é bom que as famílias cristãs — que conhecem o verdadeiro sentido do Natal — se confraternizem, troquem presentes, enfeitem suas casas, se desejarem, etc. Que mal haveria nisso?

Pensemos em um cristão que more ou que esteja de passagem em uma grande cidade, como: Paris, Nova York, Londres, São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires, etc. Nos últimos meses do ano, essas cidades são decoradas especialmente para o Natal. Deve o cristão ficar dentro de casa ou em um quarto de hotel, isolado, em sinal de protesto ao Natal? Por que não podemos, como cristãos equilibrados e maduros, aproveitar esse período do ano para passear com a família e tirar fotos nos lugares enfeitados?

Outra questão: Há algum problema em colocar presentes debaixo de uma árvore colorida e enfeitada, a fim de abri-los à meia-noite do dia 25 de dezembro? A despeito de haver legalistas de plantão dizendo que fazer isso é idolatria, penso que não convém ao servo do Senhor Jesus ser extremista e perder uma grande oportunidade de se alegrar com sua família e seus amigos, especialmente na véspera do tradicional dia de Natal.

É evidente que não ignoramos o paganismo, impregnado na sociedade brasileira. Entretanto, as questões relacionadas com os festejos do Natal secular passam, obrigatoriamente, por uma reflexão à luz de alguns princípios bíblicos. Primeiro: de acordo com Eclesiastes 7.16,17, não nos é vedado o entretenimento. Segundo: a participação eventual, com prudência e vigilância, em festas seculares — muitas vezes tidas como pagãs — é mencionada em 1 Coríntios 10.23-32. Terceiro: segundo os Evangelhos, o Senhor Jesus participou de festas em que havia pessoas pecadoras e comeu na casa delas.

Pensemos. Que males a celebração do Natal secular traz, efetivamente, para as nossas vida e família? Alguém poderá dizer: “O Papai Noel usurpa o lugar de Cristo. E a árvore de Natal é idolátrica”. Certo. Mas, qual é o cristão que põe uma árvore em sua sala para efetivamente adorar ídolos? Se quisermos ser cristãos legalistas — que rejeitam toda e qualquer coisa que tenha origem pagã —, teremos de proibir o uso de vestido de noiva, o bolo de aniversário, os ovos de chocolate... E assim por diante? Ora, lembremo-nos do que a Palavra do Senhor assevera em 1 Coríntios 6.12: “todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”.

E, quanto às crianças, que vivem no mundo da fantasia? Muitas delas, inclusive, por influência dos colegas de escola, da mídia, etc., acreditam em Papai Noel. Imaginemos como se sente a criança que ouve de seu pai: “Não vou lhe dar presente de Natal porque esta festa é pagã e consumista”. Isso denota zelo e santidade, ou falta de equilíbrio e hipocrisia? Sinceramente, um pai que, tendo condições, não presenteia o seu filho no Natal, está agindo de modo extremado, podendo até provocar-lhe a ira (Ef 6.4).

Como os pais devem agir? Cabe a eles ensinar aos seus filhos, com muita sabedoria, o verdadeiro sentido do Natal. Não é preciso se opor ferrenhamente à celebração secular. A transição do mundo da fantasia para a realidade ocorre de modo natural. Com o tempo, a criança percebe que o Papai Noel é uma figura ficcional, mítica, e que o Senhor Jesus é real. Pais excessivamente preocupados com questiúnculas privam seus filhos da alegria desse período de festas; proíbem-nos de posar para uma foto ao lado do chamado “bom velhinho” ou de uma árvore enfeitada, em um shopping. Mas, têm eles ensinado seus filhos em casa (Dt 6.7) e os conduzido à Escola Bíblica Dominical para aprenderem a Palavra do Senhor?

Ora, as únicas pessoas que, de fato, acreditam em Papai Noel são as inocentes e ingênuas crianças. Privá-las desses encantamento e alegria passageiros é uma maldade sem tamanho, cujo combustível é o legalismo hipócrita e farisaico. Lembremo-nos do que Senhor Jesus ensinou em Mateus 23.24: “Condutores cegos! Coais um mosquito e engolis um camelo”.

Ciro Sanches Zibordi

Comentários

Reluci disse…
ESTAVA AQUI PENSANDO,FAÇO MINHA ARVORE DE NATAL OU NÃO,DEPOIS DE TER LIDO ESTE TEXTO,VOU ENFEITAR MINHA ARVORE,ACHO BONITO E NÃO IDOLATRO,APENAS COMO ENFEITE!!
Anônimo disse…
Não vou postar aqui referências, pois se tens compromisso, de verdade, com a Palavra de Deus, irá buscar nela as referências que precisar. Enfim... A Palavra de Deus nos exorta a não fazermos o que fazem as nações e os ímpios, também a não aceitarmos a mentira, afinal, ela é filha do inimigo da nossas almas... Também nos ensina a sermos imparciais, não parciais. Nesta publicação, em trechos que li, vi parcialidade com o mundo, com as nações e ímpios, também com a mentira, porque bem sabemos que o mundo usa-se desta mentira para festejar e ganhar dinheiro. Há tantas bases bíblicas contra isso tudo, contra esse artigo. Não vou entrar muito neste mérito, fica o que disse no início dessa mensagem.
Encerro a minha mensagem com o seguinte... O que mandou Jesus os seus discípulos comemorarem? Foi seu nascimento? NÃO! Mas a sua morte! Nas passagens em que falam da ceia do Senhor o cristão autêntico aprende isso.
Unknown disse…
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