Como afirmei no artigo anterior, há diferença entre os dons do Espírito como manifestações esporádicas e os dons ministeriais. Estes não dependem, necessariamente, do batismo com o Espírito. As ministrações momentâneas e sobrenaturais do Espírito para a edificação da igreja só vêm sobre quem já recebeu o revestimento de poder, o batismo com o Espírito (At 2.1-4; 10.44-47; 19.1-6, etc.).
Apolo era um pregador — ele tinha o ministério, o dom ministerial, de pregador da Palavra, assim como Paulo (1 Tm 2.7) —, porém não era batizado com o Espírito, ao contrário do mencionado apóstolo (cf. At 18.24-19.6). Há vários ministros, pertencentes a denominações evangélicas não-pentecostais, que, à semelhança de Apolo, foram chamados por Deus, desempenham um ministério, a despeito de não conhecerem o batismo com o Espírito Santo.
Os dons espirituais como manifestações momentâneas, esporádicas, objeto deste artigo, estão à disposição de todos os salvos batizados com o Espírito. Entretanto, tais manifestações ou ministrações do Espírito não devem ser confundidas com o fruto do Espírito. Na verdade, os dons e o fruto se completam.
Neste segundo artigo da série sobre os dons espirituais, conheceremos as principais diferenças entre as aludidas ministrações espirituais momentâneas e o fruto do Espírito Santo no que tange a: quantidade, forma de recebimento, origem, forma de manifestação, duração, momento do recebimento, qualidade, finalidade e importância.
1. Quanto à quantidade. Os dons são muitos, e não apenas nove, como muitos pensam. Segundo a Bíblia, há diversidade de dons, ministérios e operações (1 Co 12.6-11,28; etc.). O fruto do Espírito também não deve ser quantificado. Quem afirma que são apenas nove os elementos formadores do fruto toma como base apenas Gálatas 5.22. Mas há várias outras passagens que tratam dessa doutrina paracletológica (Ef 5.9; Cl 3; 1 Pe 5.5; 2 Pe 1.5-9, etc.).
2. Quanto à forma de recebimento. Os dons são repartidos para a igreja, coletivamente, para edificação dela. O fruto do Espírito — que não deve ser reduzido a uma lista de virtudes, haja vista tratar-se do Espírito Santo agindo na vida do crente, a fim de mudar o seu interior, o seu caráter — é produzido na vida de cada servo do Senhor que dá lugar ao Consolador.
3. Quanto à origem. Os dons espirituais vêm do alto sobre a igreja. O fruto tem origem no interior de cada crente espiritual.
4. Quanto à forma de manifestação. Os dons vêm sobre os crentes, conferindo-lhes unção poderosa (capacitação) para pensar, interpretar, discernir, pregar, orar, ajudar, etc. O fruto manifesta-se em cada crente de dentro para fora, através de virtudes como amor, alegria, paz, humildade, etc.
5. Quanto à duração. Os dons como manifestações — e não como ministérios, repito — são momentâneos. O fruto permanece na vida do crente. Mas precisa amadurecer a cada dia.
6. Quanto ao momento do recebimento. Os dons espirituais manifestam-se na vida dos servos do Senhor a partir do batismo com o Espírito Santo, como vemos em Atos caps. 2, 10 e 19, especialmente. “O batismo é também um meio para a outorga por Deus dos dons espirituais — 'falavam línguas e profetizavam'” (GILBERTO, Antonio. Verdades Pentecostais, CPAD, p.64). Já o fruto manifesta-se no crente a partir da sua conversão (Ef 1.13,14). O fruto, portanto, como já disse, é o Espírito Santo agindo na vida do crente, a partir do primeiro momento de sua salvação, para moldar o seu caráter (Gl 5.22; 2 Pe 1.5-9, etc.).
7. Quanto à qualidade. Os dons espirituais são perfeitos, embora muitas pessoas façam mau uso deles. Já o fruto precisa amadurecer. Este amadurecimento do fruto produzido no crente pelo Espírito ocorre gradativamente, de acordo com a disposição do coração do salvo. Trata-se do aperfeiçoamento espiritual (2 Tm 3.16,17; Ef 4.11-15).
8. Quanto à finalidade. Os dons são manifestações para edificação da igreja. O fruto do Espírito tem como finalidade o desenvolvimento do caráter de cada crente. A igreja de Corinto era pentecostal (1 Co 1.7; caps. 12-14). Todos os dons, ministérios e operações divinos tinham lugar ali (1 Co 12.4-6). Contudo, ela estava envolvida em diversos problemas (1 Co 1.10; 6.1-11; 11.18), pecados morais graves (1 Co 5), além da desordem no culto (1 Co 11.17-19).
Os coríntios eram imaturos e carnais (1 Co 3.1-4).Se dermos ênfase apenas aos dons como manifestações esporádicas, em detrimento do fruto do Espírito, males ocorrerão na igreja, como: dissensão, carnalidade, egoísmo, desordem e indecência. O partidarismo na igreja de Corinto decorria da falta de amadurecimento do fruto do Espírito (1 Co 11.18; 1.10-13; 3.4-6). O termo “dissensões” (1 Co 1.10; 11.17) descreve a destruição da unidade cristã por meio da carnalidade. Em vez de gratidão a Deus, para promover a comunhão e “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.3), os coríntios se reuniam para o culto com espírito faccioso.
9. Quanto à importância. Em Corinto, havia muita carnalidade porque os crentes daquela igreja não priorizavam o fruto do Espírito (1 Co 3.1-3). Havia membros daquela igreja controlados pelo Espírito Santo (1 Co 1.4-9; Rm 8.14), mas muitos eram carnais (1 Co 13.1). Carnal é o crente cuja vida não é regida pelo Espírito (Rm 8.5-8); que tem muita dificuldade de entender os assuntos espirituais (1 Co 2.14); que vive em contendas, etc. Por não cultivarem o fruto do Espírito, os coríntios eram egoístas (1 Co 11.21).
Na liturgia da igreja primitiva era comum a Ceia do Senhor ser precedida por um evento festivo denominado agápe (e não ágape) ou “festa do amor” (2 Pe 2.13; Jd v.12). No entanto, alguns crentes, em vez de fortalecerem o amor e a unidade cristã antes da Ceia do Senhor, embriagavam-se. Segundo a Bíblia, todos os crentes (batizados com o Espírito, é evidente) podem, no culto, falar em línguas ou profetizar (1 Co 14.5ss). Mas ela também nos ensina a exercer esses dons com sabedoria, ordem e decência (1 Co 14.26-33,37-40), a fim de que: o nome do Senhor seja glorificado (1 Co 14.25); o incrédulo convencido de seus pecados (1 Co 14.22-25); e a igreja edificada (1 Co 14.26).
É imprescindível o casamento entre o fruto do Espírito e os dons espirituais. Afinal, o espírito do profeta deve estar sujeito ao profeta. Em outras palavras, o crente controlado pelo Espírito é usado por Deus, mas tem equilíbrio, domínio próprio e discernimento. O fruto do Espírito amadurecido na vida do crente impede-o de abraçar aberrações pseudopentecostais como “cai-cai”, “unção do riso”, etc.
Ciro Sanches Zibordi
Apolo era um pregador — ele tinha o ministério, o dom ministerial, de pregador da Palavra, assim como Paulo (1 Tm 2.7) —, porém não era batizado com o Espírito, ao contrário do mencionado apóstolo (cf. At 18.24-19.6). Há vários ministros, pertencentes a denominações evangélicas não-pentecostais, que, à semelhança de Apolo, foram chamados por Deus, desempenham um ministério, a despeito de não conhecerem o batismo com o Espírito Santo.
Os dons espirituais como manifestações momentâneas, esporádicas, objeto deste artigo, estão à disposição de todos os salvos batizados com o Espírito. Entretanto, tais manifestações ou ministrações do Espírito não devem ser confundidas com o fruto do Espírito. Na verdade, os dons e o fruto se completam.
Neste segundo artigo da série sobre os dons espirituais, conheceremos as principais diferenças entre as aludidas ministrações espirituais momentâneas e o fruto do Espírito Santo no que tange a: quantidade, forma de recebimento, origem, forma de manifestação, duração, momento do recebimento, qualidade, finalidade e importância.
1. Quanto à quantidade. Os dons são muitos, e não apenas nove, como muitos pensam. Segundo a Bíblia, há diversidade de dons, ministérios e operações (1 Co 12.6-11,28; etc.). O fruto do Espírito também não deve ser quantificado. Quem afirma que são apenas nove os elementos formadores do fruto toma como base apenas Gálatas 5.22. Mas há várias outras passagens que tratam dessa doutrina paracletológica (Ef 5.9; Cl 3; 1 Pe 5.5; 2 Pe 1.5-9, etc.).
2. Quanto à forma de recebimento. Os dons são repartidos para a igreja, coletivamente, para edificação dela. O fruto do Espírito — que não deve ser reduzido a uma lista de virtudes, haja vista tratar-se do Espírito Santo agindo na vida do crente, a fim de mudar o seu interior, o seu caráter — é produzido na vida de cada servo do Senhor que dá lugar ao Consolador.
3. Quanto à origem. Os dons espirituais vêm do alto sobre a igreja. O fruto tem origem no interior de cada crente espiritual.
4. Quanto à forma de manifestação. Os dons vêm sobre os crentes, conferindo-lhes unção poderosa (capacitação) para pensar, interpretar, discernir, pregar, orar, ajudar, etc. O fruto manifesta-se em cada crente de dentro para fora, através de virtudes como amor, alegria, paz, humildade, etc.
5. Quanto à duração. Os dons como manifestações — e não como ministérios, repito — são momentâneos. O fruto permanece na vida do crente. Mas precisa amadurecer a cada dia.
6. Quanto ao momento do recebimento. Os dons espirituais manifestam-se na vida dos servos do Senhor a partir do batismo com o Espírito Santo, como vemos em Atos caps. 2, 10 e 19, especialmente. “O batismo é também um meio para a outorga por Deus dos dons espirituais — 'falavam línguas e profetizavam'” (GILBERTO, Antonio. Verdades Pentecostais, CPAD, p.64). Já o fruto manifesta-se no crente a partir da sua conversão (Ef 1.13,14). O fruto, portanto, como já disse, é o Espírito Santo agindo na vida do crente, a partir do primeiro momento de sua salvação, para moldar o seu caráter (Gl 5.22; 2 Pe 1.5-9, etc.).
7. Quanto à qualidade. Os dons espirituais são perfeitos, embora muitas pessoas façam mau uso deles. Já o fruto precisa amadurecer. Este amadurecimento do fruto produzido no crente pelo Espírito ocorre gradativamente, de acordo com a disposição do coração do salvo. Trata-se do aperfeiçoamento espiritual (2 Tm 3.16,17; Ef 4.11-15).
8. Quanto à finalidade. Os dons são manifestações para edificação da igreja. O fruto do Espírito tem como finalidade o desenvolvimento do caráter de cada crente. A igreja de Corinto era pentecostal (1 Co 1.7; caps. 12-14). Todos os dons, ministérios e operações divinos tinham lugar ali (1 Co 12.4-6). Contudo, ela estava envolvida em diversos problemas (1 Co 1.10; 6.1-11; 11.18), pecados morais graves (1 Co 5), além da desordem no culto (1 Co 11.17-19).
Os coríntios eram imaturos e carnais (1 Co 3.1-4).Se dermos ênfase apenas aos dons como manifestações esporádicas, em detrimento do fruto do Espírito, males ocorrerão na igreja, como: dissensão, carnalidade, egoísmo, desordem e indecência. O partidarismo na igreja de Corinto decorria da falta de amadurecimento do fruto do Espírito (1 Co 11.18; 1.10-13; 3.4-6). O termo “dissensões” (1 Co 1.10; 11.17) descreve a destruição da unidade cristã por meio da carnalidade. Em vez de gratidão a Deus, para promover a comunhão e “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.3), os coríntios se reuniam para o culto com espírito faccioso.
9. Quanto à importância. Em Corinto, havia muita carnalidade porque os crentes daquela igreja não priorizavam o fruto do Espírito (1 Co 3.1-3). Havia membros daquela igreja controlados pelo Espírito Santo (1 Co 1.4-9; Rm 8.14), mas muitos eram carnais (1 Co 13.1). Carnal é o crente cuja vida não é regida pelo Espírito (Rm 8.5-8); que tem muita dificuldade de entender os assuntos espirituais (1 Co 2.14); que vive em contendas, etc. Por não cultivarem o fruto do Espírito, os coríntios eram egoístas (1 Co 11.21).
Na liturgia da igreja primitiva era comum a Ceia do Senhor ser precedida por um evento festivo denominado agápe (e não ágape) ou “festa do amor” (2 Pe 2.13; Jd v.12). No entanto, alguns crentes, em vez de fortalecerem o amor e a unidade cristã antes da Ceia do Senhor, embriagavam-se. Segundo a Bíblia, todos os crentes (batizados com o Espírito, é evidente) podem, no culto, falar em línguas ou profetizar (1 Co 14.5ss). Mas ela também nos ensina a exercer esses dons com sabedoria, ordem e decência (1 Co 14.26-33,37-40), a fim de que: o nome do Senhor seja glorificado (1 Co 14.25); o incrédulo convencido de seus pecados (1 Co 14.22-25); e a igreja edificada (1 Co 14.26).
É imprescindível o casamento entre o fruto do Espírito e os dons espirituais. Afinal, o espírito do profeta deve estar sujeito ao profeta. Em outras palavras, o crente controlado pelo Espírito é usado por Deus, mas tem equilíbrio, domínio próprio e discernimento. O fruto do Espírito amadurecido na vida do crente impede-o de abraçar aberrações pseudopentecostais como “cai-cai”, “unção do riso”, etc.
Ciro Sanches Zibordi
Comentários
Acho que o senhor se expressou mal nisso ao dizer, ou deu essa impressão, eu posso estar enganado...
Obrigado.
Fàbio Silva Costa
Cite o trecho do texto do pastor Antônio Gilberto, e eu lhe darei uma melhor explicação, pois de fato os dons do Espírito não resumem a uma lista de nove. Alguns dos nove ali mencionados, inclusive, se manifestam de modo multifacetado. Não me expressei mal, não. Há, preste atenção, DIVERSIDADE de dons, ministérios e operações.
CSZ
Creio que o senhor deva ter o livro de Teologia Sistemática Pentecostal da CPAD ai em suas mãos, já que você é autor de um dos capítulos. Então basta você abrir na página 196 e bem no finalzinho da página o pastor Antonio Gilberto, que escreveu a parte de Pneumologia diz que são 9 os dons espirituais.
O fato de um dom se manifestar de modo multifacetado não significa que seja um dom diferente e sim o mesmo dom, apenas manifestado de modo diferente, como o dom de curar que pode se dar pela imposição de mãos ou não. Mas é um dom só que pode ocorrer de várias manifestações.
Isso não ficou claro no seu texto.
Me mostre um outro dom espiritual nas páginas neotestamentárias além dos mencionados em 1 Co 12:8-10. Mas eu falo de dons espirituais e não dons de serviço e ministeriais.
Obrigado.
Fábio Silva Costa (escrito sem crase srrsrsrs)
Batismo com o espirito santo, é quando ?
romanos:10,9 essa conversão é o batismo
efésios:1,13 também ?
Quero sua permissão para divulga seus comentário no meu facebook .
tem varios livros seu .
Que DEUS continui na sua vida com a mensagens cristocentrico .
Irmão Marcio
A paz do Senhor.
O texto constante da obra citada, da qual fui editor-assistente, por graça de Deus, diz o seguinte, no último parágrafo da página 196: "Vamos agora classificar ou agrupar os dons COM O OBJETIVO DE ENTENDER MELHOR O ASSUNTO" (grifo meu).
Em nenhum lugar do Novo Testamento a obra do Espírito Santo é reduzida a uma lista. Até mesmo os dons ministeriais não devem ser reduzidos a uma relação, a uma lista. A despeito dos cinco dons apresentados em Efésios 4.11, há outros em 1 Coríntios 12.28ss que se intercambiam com aqueles, mas que são distintos, etc.
Portanto, uma coisa é agrupar os dons para efeito didático, "COM O OBJETIVO DE ENTENDER MELHOR O ASSUNTO". Outra, bem diferente, é afirmar que os dons são apenas nove, e pronto. Assim como não são enumerados, nas páginas sagradas, todos os pecados, visto que não param de surgir novos pecados, também não são enumerados todas as ministrações do Espírito, que opera de maneira multiforme, multímoda, multifacetada, multíplice. No entanto, não se deve confundir a obra do Espírito, que é para a glória de Deus, com as invencionices de falsos profetas e milagreiros, que inventam "manifestações" para a sua própria glória.
CSZ
E depois dessa citação que você esceveu da página 196: "Vamos agora classificar ou agrupar os dons COM O OBJETIVO DE ENTENDER MELHOR O ASSUNTO", o pastor Antonio Gilberto diz :´´ A primeira classificação é a dos dons de manifestações do Espírito em número de NOVE´´.
E no livro ``Verdades Pentecostais´´ na página 70 o pastor Antonio Gilberto ressalta que são 9.
Tanto é que em ambas as obras, após ele dizer que são 9, ele explica cada um dos dons que são : linguas, interpretação, profecia, etc... ( 1 Co 12:8-10).
Mas me mostre um outro dom espiritual diferente desses 9 sendo usado no Novo testamento. E qual o nome desse dom espiritual, pois eu não consigo achar.
Obrigado.
Fábio Silva Costa
OK. Como ensinador, por graça de Deus, ajudo a quem deseja aprender, e não a quem quer simplesmente polemizar ou fazer desafios. Se não concorda comigo, tudo certo. Eu também não concordo com a sua opinião. Ponto final.
CSZ
Glorifico a Deus pela série de estudos sobre os dons espirituais que o senhor se propôs a publicar; estão me ajudando muito nos meus estudos. As duas primeiras estão maravilhosas: bastante elucidativas e bem didáticas, como sempre são seus textos; marca registrada do Pastor Ciro Zibordi (risos).
Em Cristo,
Simone Tavares.
Gostaria de pinçar este trecho do seu texto que chamou muito a minha atenção: "Se dermos ênfase apenas aos dons como manifestações esporádicas, em detrimento do fruto do Espírito, males ocorrerão na igreja, como: dissensão, carnalidade, egoísmo, desordem e indecência".
Acredito que essas palavras resumem bem a necessidade que temos de vivermos espiritualmente equilibrados.
Abraço!