Por que nem todos os pecadores são salvos, se o Senhor Jesus é o Salvador de todos os homens?


O Senhor Jesus foi crucificado entre dois malfeitores. Até se encontrarem com Ele, na cruz, ambos eram iguais em tudo: pecadores e perdidos. Mas, depois desse glorioso encontro, um deles ouviu do Salvador do mundo: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43). Por que somente um deles foi salvo, se ambos eram pecadores igualmente perdidos?

Naquelas duas cruzes, uma à direita e outra à esquerda de Jesus, vemos representados os dois grupos de pecadores que há no mundo. Aliás, o próprio Deus divide a humanidade de acordo com a decisão que cada indivíduo toma ante a pregação da sua Palavra (Dt 30.19; Mt 7.13,14). Esses dois tipos de pecadores também estarão na eternidade: os que escolheram a vida e os que a morte escolheram (Jo 5.24; Lc 16.19-31).

O que aqueles dois malfeitores crucificados tinham em comum? Quase tudo. Nenhum era melhor do que o outro. Nenhum deles nasceu em condição privilegiada. Ambos nasceram em pecado, perdidos (Rm 3.23; 5.12); ambos tiveram o mesmo comportamento até a cruz (Mt 27.41-44; Mc 15.32); e ambos ouviram as mesmas palavras de Jesus proferidas sobre o madeiro, pois o Senhor morreu antes deles (Jo 19.31-36).

Quais foram as palavras do Salvador, na cruz? Elas eram suficientes para que alguém, por meio delas, desejasse a salvação? Claro que sim! Dependurado entre o céu e a terra, o Cordeiro de Deus — de acordo com Lucas 23.33-43, João 19.25-30 e passagens correlatas — (a) proferiu palavras de perdão a seus inimigos e (b) intercedeu ao Pai por eles, (c) consolou sua mãe, (d) clamou ao Pai, (e) pediu água, (f) proferiu palavras de vitória, (g) expressou contentamento e (h) profetizou a salvação de um dos malfeitores crucificados.

Como reagiu o malfeitor que morreu perdido, ante as palavras do Salvador do mundo proferidas na cruz? Ele (a) blasfemava — diferentemente do outro, que blasfemou, no início, mas depois se arrependeu (Mt 12.31,33) — e (b) zombava (e de Deus não se zomba [Gl 6.7, ARA]), dizendo: “Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós” (Lc 23.39).

Mas, como reagiu o malfeitor que, por fim, ouviu palavras de salvação? Ele demonstrou, mesmo sendo pecador e perdido até aquele momento, que (a) tinha temor de Deus e (b) estava arrependido dos seus pecados, ao repreender o seu colega de vida pecaminosa: “Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez” (Lc 23.40,41).

Nas palavras acima, vemos também que o malfeitor salvo (c) reconheceu a justiça e a santidade do Senhor Jesus. Além disso, ele (d) expressou claramente o seu desejo de ser salvo, bem como (e) reconheceu o senhorio e a realeza do Salvador do mundo: “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino” (Lc 23.42).

Até a cruz, os dois malfeitores estavam perdidos. Estavam na mesma condição. Um não era melhor do que outro perante Deus e a sociedade. Mas apenas um creu nas palavras do Salvador e foi salvo instantaneamente por Ele (Rm 10.9,10; At 16.31; 2 Co 5.17). Glória a Deus!

Portanto, preguemos o Evangelho a todos os pecadores, para que “todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Afinal, como diz a Palavra de Deus, o Senhor Jesus é o “Salvador do mundo” (Jo 4.42), o “Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis” (1 Tm 4.10)*.

* Gordon D. Fee escreveu acerca de 1 Timóteo 4.10: “Deus... é o salvador de todos os homens no mesmo sentido em que Cristo se deu a si mesmo em resgate por todos (2:6). Nenhuma das sentenças afirma que todas as pessoas serão deveras salvas” (Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Editora Vida, p.122).

Em Cristo,

Ciro Sanches Zibordi

Comentários

"Sim, eu amo a Mensagem da Cruz!"

A Paz do Senhor, Pr, Ciro.


Excelente postegem, como sempre.

Abraços em Cristo.

P.S: O senhor recebeu meu e-mail sobre o Concurso? Está havendo um probleminha aqui, e eu não sei se o senhor recebeu minha postagem.
Helder Nozima disse…
Pr. Ciro,

Mais uma vez não escrevo para ter meu comentário publicado. Informo ao senhor apenas que coloquei um post no 5 Calvinistas com 3 links de comentários de William Hendriksen, John Gill e Gordon Haddon Clark refutando (ao meu ver) sua interpretação de 1 Tm 4:10.

O link é: http://5calvinistas.blogspot.com/2010/01/1-timoteo-410-derruba-expiacao-limitada.html

Graça e paz do Senhor,

Rev. Helder Nozima
Barro nas mãos do Oleiro
Igreja Presbiteriana do Brasil
Caro Pedro Henrique,

Sim, proclamemos a mensagem da cruz a todos os perdidos, a fim de que tenham a oportunidade de crer em Cristo Jesus para a salvação!

Quanto à sua inscrição, ela está garantida. Confira os comentários e veja que eu nome está lá.

Em Cristo,

CSZ
Pr. Ciro, a Paz do Senhor novamente!

Me perdoe, pastor, eu me expressei mal. Eu quis dizer sobre a frase do concurso, que tentei lhe enviar via e-mail. Mas não tenho certeza se chegou em sua Caixa de Entrada no ciro.zibordi@uol.com.

O meu endereço é do Hotmail; portanto, não tenho certeza se consegui concluir minha participação no Concurso.

Abraços no Senhor Jesus.

=~D
Caro Rev. Helder Nozima,

Acrescentei também ao meu texto uma nota com a opinião do erudito Gordon D. Fee acerca de 1 Timóteo 4.10.

Agradeço-lhe pela informação, a qual resolvi compartilhar com os leitores deste blog, a fim de que eles também conheçam os seus textos.

Em Cristo,

CSZ
Luciano Lourenço disse…
Meu Deus, a mensagem da salvação é tão clarividente, e os calvinistas não enxergam isso. A sindrome dos judaizantes os perseguem de uma maneira perigosa e fatalista: pensam que são o povo único e ímpar da face da terra; firmam-se em pilares, falsos, que não tem sustentação na exegese bíblica.
Caro Pedro Henrique,

Por favor, mande o e-mail novamente, pois creio que faltou o ".br". O e-mal para o qual o irmão deve enviar a frase, com o seu endereço completo, é ciro.zibordi@uol.com.br.

Um grande abraço.

CSZ
Caro Luciano Lourenço,

Fica claro, à luz da analogia geral da Bíblia, e também pelo contexto imediato de 1 Timóteo 4.10 (cf. 2.4-6), que o Evangelho, por sua própria natureza, é universal em seu raio de ação. Qualquer estreitamento dessa abrangência não é o Evangelho de Cristo.

Deus "quer", "deseja" (isso não quer dizer que vai acontecer) que todas as pessoas sejam salvas. O fato de nem todas as pessoas serem salvas não frustra, de certo modo, a vontade de Deus. A verdade clara é que o Evangelho tem abrangência universal, em contraste com alguma forma de exclusivismo herético.

Em Cristo,

CSZ
Caro rev. Ciro;
eis o crux dos teólogos: Por que uns crêm e outros não? Certamente o arminiano não terá como finalmente responder a essa questão sem o risco de insindir em um tipo de salvação por méritos pessoais do pecador. Ao passo q um reformado admite tranquilamente q Deus em sua soberania escolheu uns e outros não, e consequentemente outorgou fé para uns, e para outros não.

O sr. disse:
Até a cruz, os dois malfeitores estavam perdidos. Estavam na mesma condição. Um não era melhor do que outro perante Deus e a sociedade. Mas apenas um creu nas palavras do Salvador e foi salvo instantaneamente por Ele.

E a pergunta q segue a isso é: Pq um creu e outro não? Em última instância (e essa era realmente a última para os dois), se crer é um produto do esforço humano para aceitar a Palavra da vida, segue-se que minutos antes da morte, um dos bandidos tornou-se melhor que o outro pq creu. Mas se a fé é dom de Deus, da qual ninguém pode se gloriar, segue-se q a glória pertence exclusivamente a Deus, q amou Jacó, porém aborreceu Esaú.

Se me for permitido ainda, gostaria de usar esse espaço para resumir a colocação feita a esse repeito por John Owen em Por Quem Jesus Morreu (The Death of Death in the Death of Christ). Se Jesus morreu por todos os pecados de todos, como presumem os arminianos, segue-se que todos deveriam ser salvos. Mas alguém pode dizer q a incredulidade impossibilita que alguns sejam salvos. Não seria então a incredulidade tb um pecado pelo qual Jesus morreu, caso ele tenha morrido por todos os pecados de todos? Agora, se Jesus morreu por todos os pecados de todos os eleitos, segue-se que apenas os eleitos serão salvos, e serão redimidos de seus pecados, inclusive sendo transpostos da incredulidade para a fé.
Weslei Rocha disse…
Nota de rodapé da Bíblia NVI para I Tm 4-10 (2ª parte):

DEUS É, NO ENTANTO, SALVADOR DE TODOS PORQUE OFERECE A SALVAÇÃO A TODOS E SALVA TODOS OS QUE SE ACHEGAM A ELE.
Caro irmão Adalberto Taques,

Agradeço-lhe por partilhar as suas argumentações lógicas com os leitores deste blog.

Em Cristo,

CSZ
Caro irmão Weslei Rocha,

Com base na Palavra de Deus, podemos afirmar tranquila e convictamente que Deus, em Cristo, é o Salvador de todos os homens e que a salvação potencialmente é para todos os homens. Glória ao Senhor por isso!

CSZ
Olá Pr Ciro, graça e paz...

Se a salvação é potencialmente para todos os homens, pergunto: ela é efetivamente para quem?

Eu e o irmão sabemos que a morte de Jesus não possibilita a salvação... amorte de Jesus efetivamente garante a salvação daqueles a quem ela é aplicada.

Em Lucas 18, a partir do verso 18, Jesus trava um diálogo com um homem que desejava se salvar. Ao longo da conversa, Jesus mostra quão difícil é para os homens se salvarem. E no versículo 26, atônitas, as pessoas se perguntavam então como alguém poderia ser salvo. E a resposta de Jesus foi que ao homem é impossível se salvar, mas para Deus a salvação do homem é possível (v. 27).

Ora, se a salvação é possível apenas para Deus (Lucas 18:27), se a salvação pertence ao Senhor (Jonas 2:9), se é Ele que opera em nós o querer e o realizar (Fil. 2:13), por que as pessoas insistem em dizer quem Deus tem que salvar?

Deus salva quem Ele quiser salvar. Essa prerrogativa Ele não vai dividir com ninguém, pois a salvação das pessoas é a maior manifestação de glória a Deus.

Até mais, Marcos.
Caro irmão Marcos,

Agradeço-lhe por compartilhar as suas ideias. Ora, se elas são boas, logo são aproveitáveis neste espaço.

Que Deus o abençoe!

CSZ
Jean Patrik disse…
Paz do Senhor pastor Ciro!!!

Penso com conviquição que é essa a "mensagem" que nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, quer que pregamos, pois a "mesma" traz a esperança que TODO HOMEM NECESSITA.

Com todo respeito aos que pensam diferente, mas seria impossível pregar a mensagem de salvação, dizendo que nem todos tem condições de ser salvo. Não tem como consiliar os dois pensamentos em uma mensagem que tem como objetivo trazer esperança aos corações desesperançosos ou sem esperança, se o fazermos, iremos sermos negativos em nossas mensagens, e o pior, é que irá trazer fustrações profunda sobre alguém que pode está a beira de um suicidio, fazendo com que, a netatividade da mensagem (que nem todos foi dado a oportunidade de salvação) venha dar a sentença final, para essa pessoa, que infelizmente está em uma situação delicada, precisando de uma mensagem que a tire dessa situação tão complicada.

Não consigo pensar em um Deus que, não tenha compaixão e nem sinta amor por uma pessoa nessas condições, pois nós que somos seres humanos sentimo-nos copadecidos diante de uma situação semelhante, quanto mais o nosso Deus, o qual criou o homem para viver segundo a sua imagem e semelhança.

Esse meu pensamento se confirma no evangelho de João 3.16 que diz: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

Fiquemos com essa mensagem, a qual o mundo que está sem esperança, precisa e necessita ouvir.

Deus seja louvado por ter enviado o seu Filho, para que todos sem esperança e expectativa de vida, ressebece pela graça, a salvação por nosso Senhor e Salvador JESUS CRISTO!!!

DEUS continue abençoando a todos em Cristo Jesus.
Marcelo Lima disse…
Caros irmãos,

Como os acontecimentos com o povo de Deus no deserto são para nós sombras das coisas futuras, gostaria de utilizar-me deste exemplo.

O desejo de Deus era que o povo de Israel que saiu do Egito entrasse em Canaã, porém, isso não aconteceu. Toda a geração dos murmuradores pereceu no deserto. Somente Josué e Calebe permaneceram vivos e usufruiram da terra.

O ponto interessante é o que Deus disse a Moisés, esclarecendo que o povo não entraria porque era duro de coração, povo obstinado.

Onde quero chegar?
O povo não entrou na terra prometida porque fez uma escolha. Adoraram o bezerro de ouro no lugar de Deus, murmuraram contra o Senhor, e não confiaram Nele, temendo os poderosos inimigos.

Pergunto: Os planos de Deus foram frustrados por isso?
Não, Ele levantou uma nova geração que deveria adorá-lo, mas o que a nova geração fez? Desviou-se Dele por escolha própria. E assim sucedeu até os dias de Cristo, que proveu Salvação a todos os que crêem, mas a exemplo de Israel, isso depende na fé salvífica, gerada em nosso corações pelo Espírito Santos, o qual opera, se nós dermos lugar a Ele, não resistindo a Deus.

Concluo afirmando que a jornada do povo de Deus no deserto exemplifica perfeitamente o plano de salvação. Deus fez tudo e proveu a salvação por sua graça, porém cabe a nós, abrirmos nossos corações para a mensagem do Evangelho, e ter gerada em nosso corações a fé salvífica que vem pelo ouvir, e ouvir a Palavra de Deus.

Em Cristo,
Marcelo Lima da Silva
Caro Marcelo Lima,

Deus, de fato, fez tudo e proveu a salvação por sua graça a todos os homens (Jo 3.16-19; 1 Tm 2.4-6; 4.10; 1 Jo 2.1,2, etc.), e capacita o pecador, pela sua graça, a receber a "tão grande salvação" (Hb 2.3). A salvação potencialmente é universal. Isso não é universalismo, pois potencialidade não significa que todos serão deveras salvos.

Entretanto, muitos, a despeito do convencimento do Espírito, que se estende ao MUNDO (Jo 16.8-11), têm endurecido os corações, escolhendo o "caminho largo" (Mt 7.14). Não obstante, o mandamento do Senhor Jesus para TODOS ainda ecoa: "Entrai pela porta estreita" (Mt 7.13), "Eu sou a porta; se ALGUÉM entrar por mim salvar-se-á..." (Jo 10.9) e "Se ALGUÉM quer vir após mim, negue-se a si mesmo..." (Lc 9.23).

Em Cristo,

CSZ
Graça e paz Pr Ciro,

“Entretanto, muitos, a despeito do convencimento do Espírito, que se estende ao MUNDO (Jo 16.8-11), têm endurecido os corações, escolhendo o "caminho largo" (Mt 7.14)...”

Ora Pr Ciro, se o Espírito já convenceu, que capacidade tem o homem para rejeitar Sua obra? Ou Ele convence ou Ele não convence!

Além disso, como pode o homem escolher o caminho largo se ele já está nesse caminho desde seu nascimento! Ora, permanecer nesse caminho nada mais é do que a retificação da sua condição de pecador e de desinteressado da obra de Cristo.

Até mais, Marcos.
Marcelo Lima disse…
Caro Pr. Ciro,

Agradeço-lhe por dispor de seu tempo para responder meu comentário.
A minha argumentação foi construida no ensejo de corroborar sua postagem. Só não tenho ainda a destreza de palavras e o conhecimento da exegese bíblica para atingir a concisão e o embasamento de seus textos. E é por esse motivo que sou frequentador assíduo deste blog. Encontro aqui seriedade e base sólida para crescer na Graça de no Conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Em Cristo,
Marcelo Lima da Silva
Ora, irmão Marcos, eu não disse que o Espírito já convenceu, mas que Ele, segundo a Bíblia, CONVENCE o MUNDO do pecado, da justiça e do juízo. Logo, o irmão interpretou errado as minhas palavras, com todo o respeito.

Ora, irmão Marcos, o convencimento por parte do Espírito é a sua ação dEle em convencer o MUNDO, e não o convencimento irresistível. Logo, Deus respeita a livre-vontade, que é uma dotação do próprio Espírito de Deus aos seres humanos, a fim de que aceitem ou não, livremente, a obra de Cristo (Jo 3.16-19).

Ora, irmão Marcos, o homem nasce mesmo no caminho largo, posto que nasce em pecado (Rm 5.12; 3.23; Sl 51.5). Mas ele pode escolher entre permanecer na condenação ou receber a vida eterna. Logo, a possibilidade de escolha do ser humano existe e é corroborada pelo próprio Senhor Jesus (Jo 6.35; 8.12; 10.9-11; 14.6; Mt 11.28-30; etc.).

Mais uma vez agradeço-lhe pela participação, que é muito bem-vinda neste blog.

CSZ
Pr Ciro, sempre desejei discutir esses assuntos em alto nível e agradeço a oportunidade que o irmao proporciona aqui.

Como o homem pode exercer livre-arbítrio e sua inclinação é a inimizade para com Deus? Como pode ter livre-arbítrio se é escravo do pecado? Como ele pode ter alguma atitude espiritual favorável na direção de Deus se ele está morto em seus pecados?

Ou essa condição precisa ser mudada ou ele nunca vai desejar a salvação!

Até mais, Marcos.
Caro Marcos,

É-me, igualmente, um prazer poder conversar com o irmão a respeito dos tais assuntos.

Como o homem pode exercer livre-arbítrio, se a sua inclinação é inimizade para com Deus? A inclinação do ser humano é, por natureza (Ef 2.1ss), má, rebelde contra o Criador (Rm 8.5,6). Mas o Espírito Santo age no sentido de convencer o homem a escolher outro caminho, a estar "em Cristo", a fim de que tudo se faça novo (2 Co 5.17; Rm 8.1-4).

Como o ser humano pode ter livre-arbítrio, se é escravo do pecado? Ele nasce escravo do pecado, mas tem liberdade, dada por Deus, para, ante o tal convencimento do Espírito (Jo 16.8-11; Ap 22.17), escolher ter a aludida vida nova, em Cristo (Rm 6.4; Jo 3.16ss).

"Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante? De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?" (Rm 6.1,2). Quem está em Cristo escolheu "morrer para o pecado", nEle (em Cristo). Outrora, estávamos "mortos em pecados" (Ef 2.1) e fazíamos todos os desejos da velha natureza (Rm 7.18-20).

Como o homem pode ter alguma atitude espiritual favorável na direção de Deus se ele está morto em seus pecados? O pecado gera a morte. Quando nossos pais pecaram, morreram. Mas, em que sentido? Ficaram separados de Deus e voltados para o pecado (Rm 7.7-17). Entretanto, isso não significa que o ser humano, ante o convencimento do Espírito, não tenha condições de escolher o caminho da vida (Dt 30.19; Mt 7.13,14).

O filho pródigo (sim, novamente o filho pródigo...) é um bom exemplo de que o morto espiritualmente, afastado da comunhão com o Pai, pode, sim, REFLETIR, RECONHECER, RESOLVER e AGIR, confessando os seus pecados (Lc 15). O Senhor Jesus veio para os ENFERMOS (pecadores), e não para os sãos (Lc 5.31,32).

O ser humano, por si mesmo, jamais desejaria a salvação! Pois ele está morto. É, por isso, que a canção "Faz um milagre em mim" está errada em sua concepção sobre a obra salvífica. Por meio dela, se afirma que Zaqueu subiu para chamar a atenção de Jesus. Isso inverte a ordem das coisas. É sempre o Senhor quem convence o pecador de que ele precisa ser salvo.

Entretanto, a despeito de o homem ser incapaz de sentir, por si mesmo, as suas misérias e que precisa da "tão grande salvação" (Hb 2.3), Deus, pelo seu Santo Espírito, o convence de sua miserabilidade. E é aqui que, mediante o livre-arbítrio, o ser humano arrepende-se e crê para a salvação ou não (atenta ou não para ela), nas diversas oportunidades que terá ao longo da vida (Hb 3.15; 2 Co 6.2).

Que Deus o abençoe!

CSZ
Felipe disse…
Pr. Ciro, creio que a minha dúvida é a mesma do Adalberto. O que faz com que uma pessoa aceite a salvação e outra não?
Caro irmão Felipe Huvos Ribas,

O que faz com que uma pessoa aceite a salvação, e outra não? Creio que essa resposta passa pelo assunto da conversa (ou debate, se alguém preferir) com o querido irmão Marcos.

Potencialmente, não tenho dúvidas disso, a salvação é para todos (Jo 3.16-18; 1 Tm 2.4-6; 4.10; 1 Jo 2.1,2, etc.). Mas nem todos a aceitam ou atentam para essa "tão grande salvação" (Hb 2.3). Por quê? Porque não teriam sido eleitos para a vida eterna, e, por causa disso, mesmo sendo pecadores que necessitam de salvação ("enfermos", Lc 5.31; "perdidos", 19.10) não podem receber essa dádiva divina?

Na verdade, Deus dotou a todos os seres humanos, salvo exceções (as quais precisam ser tratadas como tais), de três faculdades: intelecto, sentimento e vontade. Para quê? Para que, mediante o convencimento do Espírito, cada indivíduo possa ESCOLHER entre a permanência no "caminho da perdição" e o ingresso no "caminho da salvação" (Mt 7.13,14), o que implica uma mudança rápida e radical, em princípio.

É claro que, antes de "aceitar a Jesus", o ser humano precisa ser aceito por Ele. A iniciativa para a salvação do pecador é sempre divina. Mas aceitar ou não a salvação é produto da DECISÃO do ser humano, mediante a livre-escolha, livre-vontade ou livre-arbítrio, para quem preferir. E isso é demonstrado nas atitudes dos dois malfeitores crucificados com Jesus. Ambos foram expostos às mesmas coisas, mas apenas um ESCOLHEU mudar de vida, aproveitando a última oportunidade que Deus lhe concedeu (2 Co 6.2; Hb 3.15).

Em Cristo,

CSZ
Felipe disse…
Pr. Ciro, sobre a questão da salvação, eu entendi assim:
Deus concede ao ser humano (não sei se somente quando este ouve uma pregação) a capacidade de escolher a salvação ou negá-la. Por isso é que não é contraditório falar que Deus é Quem concede a salvação e, mesmo assim, o ser humano deve aceitar esta oferta?
Quero comprar o livro "Teologia sistemática pentecostal" (na verdade já estou me programando para comprar, se Deus quiser). O senhor acha que, lendo essa obra, eu conseguirei ter um conhecimento mais sólido sobre a doutrina da salvação e outras doutrinas fundamentais? A linguagem é acessível?
Também quero comprar os livros Teologia do Antigo Testamento e Teologia do Novo Testamento, lançados pela CPAD. O Gutierres, do blog Teologia Pentecostal, recomendou-me essas obras (talvez uma delas, mas, caso tenha sido isso mesmo, estou supondo que a outra é boa também).
Obrigado desde já, inclusive pela (rápida) resposta dada.
Caro Felipe Huvos Ribas,

Deus deu aos seres humanos faculdades pelas quais possam crer e arrepender-se adequadamente. O arrependimento só é eficaz quando envolve intelecto, sentimento e vontade. Arrependimento meramente emocional, por exemplo, é apenas remorso. E a fé também implica entrega (Sl 37.5); não é meramente uma fé intelectual ou sentimental. Envolve volição.

O fato de o homem estar capacitado para crer e arrepender-se já deve ser considerado como parte das dádivas divinas para a salvação. Isso mostra que a salvação sempre tem início em Deus, pois o arrependimento e a fé são dados por Deus, exatamente nesse sentido, de que Ele capacitou os homens para isso (At 11.18; Ef 2.8-10).

Para todos os seres humanos, que (em regra geral) foram dotados das faculdades intelectual, sensorial e volitiva, o Evangelho é anunciado, de todas as formas possíveis (evangelização pessoal, ao ar livre, pela Internet, por folhetos, etc.), como ordenado por Jesus em Marcos 16.15 e Atos 1.8. Para quê? Para que, mediante o convencimento do Espírito Santo (que age em conexão com a exposição da Palavra), os homens creiam ou não para a salvação (At 17.30,31). Ou seja, a vida eterna é para "todo aquele que nele crê" (Jo 3.16,17).

Diante do exposto, não é contraditório dizer que Deus concede a salvação, e mesmo assim o ser humano deve aceitar essa dádiva (Hb 2.3; Mc 16.16). Mas a salvação não é uma opção; é um mandamento. Não é como responder a uma pergunta como: "Você quer um pedação de bolo?", pois, nesse caso, alguém tem o direito de dizer "não", sem que que haja consequências. Afinal, lhe foram dadas duas alternativas: querer ou não querer um pedaço de bolo.

No caso da salvação, o ser humano pode até recusar, porém, ao fazer isso, está escolhendo o caminho da morte (Dt 30.19). Não existem duas alternativas, de fato. Jesus disse: "Eu sou a porta" (Jo 10.9), a ÚNICA porta para a vida eterna. Ele não disse: "Em qual das portas você deseja entrar?" Não! Ele disse (e , por isso, a salvação é um mandamento): "Entrai pela porta estreita" (Mt 7.13).

Mudando de assunto...

O irmão deseja comprar o livro "Teologia Sistemática Pentecostal"? Trata-se de uma excelente obra. E o capítulo sobre Soteriologia foi escrito pelo mestre Antonio Gilberto da Silva. Tenho certeza de que essa obra o ajudará, e muito, quanto às doutrinas da salvação. A linguagem é bastante acessível, clara. Penso que, para o assunto em apreço, tal obra seja melhor do que as outras, que não tratam dessas doutrinas de modo específico, a despeito de serem também muito úteis.

Em Cristo,

CSZ
Felipe disse…
Obrigado pelas respostas não precisa publicar este comentário se não quiser).
Unknown disse…
Graça e Paz Pr. Ciro,
O homem escolheu desobedecer a Deus; tornar-se independente do seu Criador; negar o estado de santidade e a posição de filho. Como há um princípio imutável de que cada semente reproduz-se de acordo com sua espécie, quando Adão e Eva, nossos primeiros pais, se tornaram pecadores, tendo perdido a glória de Deus, converteram-se em cabeças de uma raça igualmente pecadora por natureza e destituída da glória Divina, da santidade do Criador, conforme diz Davi: “Eis que eu nasci em iniqüidade, e em pecado me concedeu minha mãe” (Sl 51:5). Mas se seguirmos o conselho de Paulo quando diz: “Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo; pois é com o coração que se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Rm 10:9,10).Fazendo isto você passa a ser propriedade de Jesus, livre do pecado e do mal.
Unknown disse…
A paz do Senhor Pr. Ciro!
Já li diversas postagens e comentários no seu blog, visto que também sou assembleiano e comungo da mesma fé, acabo por algumas vezes rediscutindo estes mesmos assuntos com calvinistas e escritores de blogs, mas graças a Deus, mantenho a mesma visão frente a estes temas polêmicos. Gostaria de deixar apenas uma pergunta aos leitores que indagam o Sr. sobre a salvação do homem: Por que a Bíblia diria que o Espírito convence o "mundo" do pecado se este não tivesse a capacidade de serem convencidos? Logo seria um trabalho em vão, convencer pessoas que já estam perdidas?! Deus já conhece os eleitos, mas ele é tão justo que ainda coloca os perdidos a prova, para que depois não venham dizer que não foram chamados a salvação!
Graças a Deus por termos ouvido o seu chamado, não é Pr. Ciro!