Li um artigo em O Estado de S. Paulo de domingo (1 de março de 2009) que me fez pensar. José de Souza Martins, nada mais nada menos que professor titular de sociologia da Faculdade de Filosofia da USP — ou seja, alguém que sabe o que está falando —, afirmou, com todas as letras, que o computador contribui para o analfabetismo.
Segundo ele, o advento do microcomputador pessoal criou, em pouco tempo, uma massa de analfabetos até mesmo entre pessoas com nível superior e até mesmo entre professores universitários. “A linguagem computacional invadiu nossa vida como indecifrável língua estrangeira e nos colocou da noite para o dia à mercê de técnicos que se esmeram em falar o computacionês incompreensível” — afirmou Martins.
Mas a declaração do gabaritado articulista que mais me chamou a atenção foi esta: “Saber escrever corretamente a língua portuguesa já não é necessário, pois programas instalados no computador corrigem automaticamente a maioria dos erros e permitem a qualquer semialfabetizado escrever quase com o rigor de Machado de Assis”.
É claro que o professor, a despeito de falar com conhecimento de causa, exagerou na dose. Afinal, o editor deste blog sabe que os recursos de correção automática de processadores de texto, como o Word, da Microsoft, não fazem milagres. E talvez seja por acreditar cegamente na eficácia de tais recursos que certos blogueiros — como eu tenho observado — estejam pensando que os seus textos estão “redondos”, deixando passar erros de concordância, de pontuação, etc.
Os processadores (ou editores) de texto são úteis para identificar palavras erradas. Mas, e a construção frasal? Se eu fosse depender das sugestões do Word, meus textos seriam colchas de retalho. E o estilo? E a criatividade? E a fluência? E a persuasão? E a objetividade? Quer dizer que qualquer pessoa conseguiria chegar perto da genialidade de Machado de Assis, graças aos recursos da computação?
Não há dúvidas de que o professor da USP se excedeu, e muito, em sua crítica às causas do analfabetismo pós-moderno, ao mencionar o computador. Mas, sem levar em conta os tais exageros, será que o computador, de certa forma, não tem contribuído para emburrecer as pessoas?
Ciro Sanches Zibordi
Segundo ele, o advento do microcomputador pessoal criou, em pouco tempo, uma massa de analfabetos até mesmo entre pessoas com nível superior e até mesmo entre professores universitários. “A linguagem computacional invadiu nossa vida como indecifrável língua estrangeira e nos colocou da noite para o dia à mercê de técnicos que se esmeram em falar o computacionês incompreensível” — afirmou Martins.
Mas a declaração do gabaritado articulista que mais me chamou a atenção foi esta: “Saber escrever corretamente a língua portuguesa já não é necessário, pois programas instalados no computador corrigem automaticamente a maioria dos erros e permitem a qualquer semialfabetizado escrever quase com o rigor de Machado de Assis”.
É claro que o professor, a despeito de falar com conhecimento de causa, exagerou na dose. Afinal, o editor deste blog sabe que os recursos de correção automática de processadores de texto, como o Word, da Microsoft, não fazem milagres. E talvez seja por acreditar cegamente na eficácia de tais recursos que certos blogueiros — como eu tenho observado — estejam pensando que os seus textos estão “redondos”, deixando passar erros de concordância, de pontuação, etc.
Os processadores (ou editores) de texto são úteis para identificar palavras erradas. Mas, e a construção frasal? Se eu fosse depender das sugestões do Word, meus textos seriam colchas de retalho. E o estilo? E a criatividade? E a fluência? E a persuasão? E a objetividade? Quer dizer que qualquer pessoa conseguiria chegar perto da genialidade de Machado de Assis, graças aos recursos da computação?
Não há dúvidas de que o professor da USP se excedeu, e muito, em sua crítica às causas do analfabetismo pós-moderno, ao mencionar o computador. Mas, sem levar em conta os tais exageros, será que o computador, de certa forma, não tem contribuído para emburrecer as pessoas?
Ciro Sanches Zibordi
Comentários
Graça e Paz!
Tirando a dose de exagero, em linhas gerais o citado professor tem lá suas razões.
O nível geral de conhecimento está cada dia mais fraco.
Estamos vivendo o tempo dos "analfabetos funcionais", de repente eu mesmo seja um deles, se bem que no meu tempo de escola ainda não tinha computador, era no lápis, borracha, caderno e livros mesmos.
Sabem apenas o suficiente para o funcionamento.
Um grande abraço!
Pr. Carlos Roberto
Um computador é apenas uma ferramenta que quando bem utilizada proporciona melhorias significativas aos que bem sabem usá-la. Contudo, não faz milagres é preciso que os usuários tenham pelo menos um conhecimento básico do sistema operacional (Windows/Linux/Macintosh) e os aplicativos que o acompanham.
Eu a princípio tinha uma certa aversão a utilização do computador, posteriormente quando comecei a conhecer mais vi que daria para tirar um grande proveito para ampliar os conhecimentos seculares, e até crescer espiritualmente conhecendo pessoas, blogs e sites que ajudam a propagar o evangelho na blogosfera como o seu blog.
Claro que antes das pessoas serem apresentadas a um computador devem ser apresentadas a um caderno, lápis, borracha e livros, pois precisamos desta base real para sabermos desfrutar melhor o mundo virtual.
Atualmente atuo como analista de suporte e diariamente converso com pessoas de todo Brasil e de outras nacionalidades para ajudá-los a acessarem a grande rede. Percebo que há diversos níveis de usuários desde pessoas muito leigas até os experts em informática. Certa feita atendi um hospede ilustre, Paulo Henrique Amorin (na época âncora do jornal da Record), que estava precisando acessar à internet, segundo ele precisava acessar ao google para trabalhar. Acredito para finalizar o livro que estava escrevendo PIG (Partido da imprensa golpista).No caso do Paulo Henrique que possui uma grande instrução formal, sua própria fala denota um saber privilegiado a internet será uma boa ferramenta, pois sabe filtrar o que interessa e depende muito pouco de ferramentas como o Word. Já pessoas com pouca instrução formal e sem conhecimento mínimo de operação do sistema precisam primeiro desta base para depois se aventurarem na internet. Ao meu ver este colunista erra ao atacar o efeito e não causa do problema.
Sei que o pr. também já atuou na área de tecnologia e isto contribui para design de seu blog. Mas seu bom estilo que imprime nesta destra pena é oriundo de um dom com o qual o Senhor te agraciou e seu esforço para aperfeiçoa-lo.
Em suma, o computador como ferramenta não emburrece ninguém, mas depende dos conhecimentos e motivação do usuário. Como antigamente havia uma falácia de uma denominação que dizia que chegou a colocar na marginal um outdoor dizendo que a TV representa a imagem da besta. Sabemos que a TV não é a imagem da besta, mas reflete sim o gosto e preferências de seu público.
A inovação tecnológica tem por característica inerente a potencialização de méritos e deméritos, de talentos e tolices, de inteligência e burrice.
Imagine o que seria um computador a serviço da genialidade de J.R.R. Tolkien, Machado de Assis, C.S. Lewis? Por outro lado, imagine o que seria um computador a serviço de uma pessoa negligente, ignorante, preguiçosa, frívola e superficial?
A culpa de vermos o analfabetismo potencializado é a mesma de vermos gênios da Ciência, da Informática, da Medicina, da Tecnologia extravazarem seus talentos.
Enfim, a culpa não é do computador, como a culpa da guerra nunca foi do avião!
E aliás, será que o professor esmerou-se em exercitar a caligrafia ao invés de digitar sua análise?
Eis-me (não aceito pelo Word) aqui, de novo (poderia ter usado novamente) “blogando” (não aceito pelo Word) com meu computador.
Poderia tê-lo enviado uma carta manuscrita, mas ia levar um pouco mais de tempo para que tomasse conhecimento do que tenho a dizer. Sem falar do selo, do risco de extravio, da sigilosidade (não aceito pelo Word) do conteúdo etc.
Aqui não! Posso falar abertamente aos olhos, e para o conhecimento de todos, com a maior rapidez, eficiência e alcance...
E olha que legal: tudo isso graças ao meu Notebook Amazon PC com processador Mobile Intel Pentium M 735, 1700 MHz, sob plataforma Microsoft Windows XP Professional (Service Pack 3) altamente ULTRAPASSADO... Ops! Será que o professor Martins vai entender o que escrevi???
Bem, a verdade é que o computador é, sem sombra de dúvidas, a ferramenta de trabalho dos últimos séculos de maior necessidade, precisão, eficiência, abrangência (cabe em todo lugar – literalmente), utilidade e outros adjetivos que o vernáculo nos possa emprestar.
Acho melhor parar, afinal de contas “palavra puxa palavra, uma idéia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução, alguns dizem que assim é que a natureza compôs as suas espécies.” (Machado de Assis).
Espero que o professor Martins “creia em si, mas não duvide sempre dos outros.” (Machado de Assis).
Afinal: “A mentira é muita vez tão involuntária como a respiração.” (Machado de Assis).
Robson Silva, o burro.
Prossigo usando meu PC... He He He
O prof. da USP exagerou mesmo! Ainda não conheci nenhum programa de computador que faça milagres!
Mas concordo sim que o computador ajuda a "emburrecer" as pessoas, principalmente na maneira de escrever. Tem gente que usa o "internetês" pra fazer redação escolar! Vê se pode! É por causa do vício.
Deus abençoe!
Boa matéria. Risos. Só risos.
Este riso não é a unção do riso. rs. É riso mesmo.
Afinal, alguns aproveitadores do computador, como o pr. Ciro, não se emburreceram, e ainda tentam trazer de volta ao tamanho normal, as orelhas grandes de muitos desapercebidos. Pois, que a maior burrice, é não buscar ao Senhor com temor e tremor.
Grato pr. Ciro, pelo computador em suas mãos. Afinal, mãos de servo de verdade. E do Deus verdadeiro.
pr. Newton Carpintero
www.pastornewton.com
A realidade é justamente essa entre os jovens, nada de biblioteca, é Ctrl+c e Ctrl+v e pronto. Como alguém poderá aprender a se expressar através da escrita sem ser um bom leitor?
Quando observamos os orkuts da vida é que percebemos que o analfabetismo funcional já atinge níveis realmente elevados. Um dia desses um colega falou comigo pelo messenger: "tem como faze curico pra mim?" Querendo dizer: "tem como fazer um currículo para mim?" Realmente é triste, mas a culpa não é do computador... longe disso. Como falei, a culpa é da falta de incentivo à leitura e à uma adequada utilização dos recursos informatizados.
Lembrando que a internet é composta, em sua maioria, por linguagem textual.
É muito mais cômodo colocar a culpa no computador do que em nosso Estado omisso. Isso é tapar o sol com a peneira.
Este blog é um ótimo exemplo de como a informática pode ser utilizada sabiamente.
Boa tarde!
A meu ver, tanto os PCs como a internet, tem contribuído sim, Mas penso também que atribuir somente ao computador a capacidade de emburrecer as pessoas como alguns pensam, não é inteligente. Imaginemos que, num passe de mágica, acabassem amanhã o computador e a internet, com todos os seus links e redes de relacionamento.
O que fariam os que se ocupavam com frivolidades neles? Irão estudar os filósofos gregos? Ler Shakespeare? Se debruçar sobre livros de história? Sobre a Bíblia? Penso que não. Eles apenas voltarão para frente da TV e do videogame, que era onde estavam antes do computador e da internet.
Então as tecnologias não podem ser culpadas pela suposta indigência cultural dos que a utilizam. Essa é uma escolha das próprias pessoas. Portanto, o computador em si não tem a capacidade de emburrecer alguém que já não esteja predisposto a isso.
Infelizmente, o mesmo raciocínio parece valer no sentido contrário: a simples presença do computador e de toda tecnologia da informação não são suficientes para gerar conhecimentos e pessoas com a genialidade de Machado de Assis, entre outros.