Dízimo é coisa do passado? (3)


Neste terceiro artigo da série sobre o dízimo respondo ao comentário da irmã Márcia, que não o considera uma prática neotestamentária. Afinal, devemos ou não contribuir com o dízimo?

A irmã Márcia disse:

Sou cristã há muitos anos e não tenho o hábito de devolver o dízimo à igreja, por considerá-lo, segundo as Escrituras, uma ordenança do Antigo Testamento. Não fui acometida com as maldições descritas em Malaquias 3.8-10. Pelo contrário, fui abençoada materialmente, sabendo que tudo vai ficar aqui, pois não posso buscar as riquezas, mas me acomodar às coisas humildes.
Se a Bíblia ordena a obrigação da devolução do dízimo na Nova Aliança, também devo guardar o sábado (...), pois o dízimo não era dinheiro, mas tirado dos frutos da terra para o sustento dos levitas do Templo. Hoje não existe mais Templo e muito menos levitas.
Em Atos, começou-se a descrever o ato voluntário dos irmãos “segundo propôs em seus corações” (Paulo de Tarso, apóstolo e imitador de Cristo). Algumas pessoas contribuíram não com 10%, mas com 20% ou até 100%, sem barganha com Deus. Infelizmente, algumas igrejas usam essa prática do Antigo Testamento para “receberem as bençãos de Deus” de forma material e se esquecem que a maior bênção é ser filho de Deus e salvo.
Portanto, acredito no ato voluntário de 10% ou mais, porém sem o nome de dízimo, prática da Lei Mosaica e não na Nova Aliança, que agora é voluntário.

Minha resposta:

Irmã Márcia,

A paz do Senhor!

Graças a Deus, nem todos os crentes raciocionam como a irmã acerca do dízimo! Caso contrário, algumas igrejas já teriam fechado as portas, haja vista ser o dízimo necessário hoje para a manutenção da obra do Senhor na terra assim como era nos tempos do Antigo Testamento, como disse o próprio Deus (Ml 3.10).

Vejo que a irmã confunde a contribuição desinteressada e liberal com a barganha, condenada pelas Escrituras (2 Pe 2.3; 2 Co 2.17). O fato de um crente ser dizimista, em gratidão a Deus e pensando no bem da obra, não é, de modo algum, fazer barganha.
Contribuir para a obra não é buscar riquezas nem deixar de se acomodar às coisas humildes. Por outro lado, não tenho dúvidas de que o Senhor abençoa quem contribui para a sua obra, como se vê claramente nos princípios contidos em passagens como 2 Coríntios 9.6-15 e Malaquias 3.8-10.

A irmã disse que, segundo as Escrituras, o dízimo é uma ordenança do Antigo Testamento. Mas, no Novo Testamento, vemos que o princípio veterotestamentário de que o trabalhador é digno de seu alimento (ou salário) é aplicado aos servos do Senhor, hoje (Mt 10.10; Lc 10.7; 1 Co 9.7-14; 1 Tm 5.17,18). Por quê? Porque, como eu já disse, a graça não anula todos os princípios e mandamentos divinos contidos na Lei. Muitos deles são atemporais. Ou a irmã pensa que o mandamento “Não adulterarás” foi revogado por fazer parte da chamada Lei Mosaica?


Ser dizimista não implica, por conseguinte, guardar a Lei, como se a salvação dependesse da observância de princípios adotados pelos crentes do Antigo Testamento. É claro que o caso do sábado é diferente, como eu expliquei no outro artigo, visto que as seitas que o guardam atrelam isso à sua salvação.

Diante do exposto, concordo plenamente com a irmã quanto ao fato de algumas igrejas — seguidoras da falaciosa teologia da prosperidade — usarem o dízimo como forma de barganha. Mas não concordo que o dízimo seja uma prática exclusiva da chamada Lei Mosaica. A Bíblia não diz isso, pois uma análise do assunto, sem preconceito, não deixa dúvidas quanto à atemporalidade do dízimo, que antecede o período da Lei, haja vista Abraão (Gn 14.20), e é mencionado no Novo Testamento (Mt 23.23; Lc 11.42; Hb 7.4-10).

Em Cristo,

Ciro Sanches Zibordi

Comentários

Anônimo disse…
a paz do Senhor Jesus!!! pr Ciro.

moacir, rio claro, sp

uma coisa me chamou a atenção em sua resposta, onde você diz que guardar o sábado como algumas religiões o fazem ,fazendo disso uma forma de "garantir" a salvação, fiquei com uma dúvida ,pois muitas vezes já ouvi dizer que se eu não for "fiél" nos dízimos vou arder no "marmore do inferno"(risos), isso tem procedencia biblica? Se o tiver acho que devemos ser mais cautelosos com os sábados também.
o que a irmã Marcia diz eu acho que tem mais coerencia bíblica do que muitos e muito se não quase todos os pastores pregam a respeito desse tão polemico assunto , que alias também já lhe escrevi perguntando sobre isso e agradeço a atenção dado para tal.
Caro Moacir,

A nossa salvação é pela Graça, e não por obras da Lei. Ponto.

Por mais que haja pastores fazendo certo "terrorismo" quanto ao dízimo, é raro encontrar algum que atrele a contribuição financeira à salvação como fazem aqueles que guardam o sábado.

Mas é bom não nos desviarmos do foco, pois o nosso ponto de partida não é o que alguns pastores dizem sobre o assunto, e sim o que a Palavra de Deus afirma.

Os pastores que pregam a respeito do dízimo, de maneira equilibrada, estão agindo corretamente, pois, se não pregarmos sobre a contribuição financeira, às vezes, como o povo contribuirá? Como a obra de Deus será mantida?

Temos de entender que a obra de Deus precisa de contribuintes. E isso já aconteceu desde os tempos em o Tabernáculo foi erigido. O dinheiro não cai do céu. Está no bolso do povo.

Por outro lado, embora Malaquias 3.10 não contenha um mandamento específico para nós, apresenta um PRINCÍPIO para nós. Qual? O princípio de que o Senhor abençoa os servos dEle que contribuem para a sua obra.

O dízimo é um bom meio de contribuição. E as igrejas que o adotam não estão erradas, desde que não façam chantagem emocional ou preguem a falaciosa teologia da prosperidade.

Dizer que ser dizimista é ser legalista ou escravo da Lei é um exagero. Fujamos dos extremos. Não apoiamos a teologia da prosperidade, haja vista levar o crente a só pensar em dinheiro e bens, mas também não há necessidade de abolirmos a prática histórica de contribuir com dízimos e ofertas.

Os textos bíblicos que tratam do dízimo diretamente são poucos, mas suficientes para nos convencer quanto à sua atemporalidade.

Em Cristo,

CSZ
Quem dera se a salvação dependesse do dízimo! Era uma prestação bem pequena a ser cumprida por cada um de nós - comparada aos juros abusivos aplicados, pelas instituições financeiras, aos financiamentos atuais e aos tributos exigidos pelo Estado que chegam a devorar mais de 40% dos ganhos dos trabalhadores. A salvação se dá pela graça e por meio do compromisso com o evangelho da cruz, onde morremos para o mundo e nascemos para Deus.

O dízimo, contudo, é necessário para a manutenção da obra, e não se trata de sacrifício (aliás, é melhor obedecer do que sacrificar), mas sim de uma ordenança divina que não empobrece ninguém. Pelo contrário, é, juntamente com o mandamento de dar honra aos pais, eivado de promessas.

Foi por meio das contribuições que o evangelho foi pregado no tempo dos primeiros cristãos. E hoje, pela graça de Deus, que ordenou a entrega do dízimo, milhares de almas têm sido alcançadas por missionários que têm sido enviados para a pregação do evangelho.

Ademais, a obra do Senhor deve ser sustentada, e o dízimo é uma estratégia de Deus para este sustento. Quando dizimamos e ofertamos, estamos contribuindo para que servos de Deus sejam enviados a anunciar as boas obras de salvação. "Porque todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas." (Rm. 10: 13 - 15)

A contribuição é uma forma indireta de anunciar o evangelho do Senhor.

Deus seja louvado, pois, na Sua infinita sabedoria, revelou a nós meios de mantimento físico de sua obra espiritual.

A paz do Senhor, pastor Ciro, e que Deus continue te usando ricamente.

Louvado seja Deus!

Jordanny Silva
Brasília - DF
Anônimo disse…
Pr Ciro disse:

"Graças a Deus, nem todos os crentes raciocionam como a irmã acerca do dízimo! Caso contrário, algumas igrejas já teriam fechado as portas,..."

Infeliz da igreja cuja existência dependa do dinheiro, a que ponto chegamos.
Aos irmãos que não tiveram os seus comentários publicados e estão insatisfeitos:

Reitero o que já disse em outras ocasiões. O editor deste blog não tem a obrigação de publicar todos os comentários.

Os comentários que ele julgar como pessoais, contendo críticas, conselhos, pedido de revisão de pensamento ou até mesmo elogios, e não quiser publicar, esse é um direito que lhe assiste.

No caso do assunto em questão tenho observado que alguns irmãos sequer analisaram com cuidado as argumentações propostas por este editor, tampouco conferiram as referências bíblicas, preferindo expor argumentos baseados na "teologia enlatada" de certo teólogo defensor do teísmo aberto.

Tal teólogo, infelizmente, revoltado contra certos colegas de ministério deixou de ser teólogo para ser filósofo e tem feito discípulos: pessoas que abraçam a filosofia, em detrimento da teologia realmente bíblica.

Ninguém é obrigado a concordar comigo, e eu também não sou obrigado a publicar todos os comentários.

Deus os abençoe.

CSZ
Josélio,

Duplamente infeliz a sua dedução de que eu tenha afirmado que as igrejas devam as suas existências ao dinheiro. Aliás, se eu tivesse dito isso, teria blasfemado contra Deus, que nos mantém individualmente e como instituição.

Portanto, a sua dedução foi mais do que equivocada. O que eu disse (e os leitores atentos e sem espírito contencioso entenderam) é que todas as instituições eclesiásticas precisam ser mantidas; elas têm patrimônios, funcionários, despesas com educação, segurança, alimentação, etc. Sem uma contribuição relativamente fixa, isso é inviável.

Preste mais atenção antes de tirar conclusões apressadas.

CSZ
Anônimo disse…
Vi um comentário de um irmãosobre dizimo e achei interessante. Vou sintetizá-lo. Ele diz o seguinte: “não sou contra os dízimos e ofertas
sou contra o modo como a maioria esmagadora dos nossos pastores o tratam como um fardo usando muitas vezes as maldições de Malaquias para os não dizimistas
repito não sou contra os dízimos, mas sou contra a ma utilização dos mesmos como devem saber existiam vários tipos de dízimos inclusive um que era distribuído aos pobres e necessitados inclusive viúvas e órfãos. Em nossa igreja, posso falar da Assembléia de Deus, pois faço parte dela,os dízimos não são aplicados para os necessitados e viúvas e órfãos ou desamparados. Nunca vi um único irmão desempregado ou viúva receber nada dos dizimos e ofertas só com raras exceções, entretanto vemos nas nossas igrejas entrando dinheiro e quando tem algum necessitado as vezes muito raro se tira uma segunda oferta para uma água luz ou sexta básica para um pobre do nosso meio por que não se tira dos dízimos e ofertas na igreja ?”

O que o senhor acha disso Pastor Ciro ?

Joabe
Anônimo disse…
A Paz do Senhor, pastor Ciro!!

Eu escrevi um artigo sobre dízimo no blog da EBD. O senhor poderia dar uma olhada e dizer o que achou??
http://ebditaquerao.blogspot.com/2009/01/consideraes-sobre-o-dzimo.html

Muito obrigada!

Deus abençoe!
Cícero disse…
Pr. Ciro

A paz de Cristo. Gostaria apenas de lhe fazer uma pergunta concernente as bençãos e maldições descritas em Malaquias 3.10 ss.
* De fato, Deus abençoa com tremenda abastância ao ponto de as pessoas em derredor verem o quanto sou abençoado?
* Se em algum mês, eu suprimir o dízimo, eu abro brecha para os demônios(cortador, migrador,etc.) adentrarem em minhas finanças?

Aguardo resposta
Xavier disse…
Paz do Senhor pastor Ciro.
Li todos os post relacionados ao Dízimo.
Mas ficou a seguinte dúvida: Sabendo que a Bíblia não diz nada sobre os 10%. Qual é o parametro ou qual foi a base que encontrou-se para tais 10%?
Se for mais que 10% ou mais que isso deixa de ser dízimo? ( porque ja ouvi isso).

Gostaria ter uma resposta sobre o assunto. Por favor.

Xavier Campos Joaquim
Anônimo disse…
A paz do Senhor Pr.Ciro
Quero saber se quem não dar o dizimo está roubando a Deus, como diz em ML.3:7-9.