Há dez anos, no dia 28 de abril de 1998, Deus chamou para a sua glória o pastor Valdir Nunes Bícego. A dor daquela separação me impediu, em princípio, de expressar o meu sentimento. Mas, depois de algumas semanas, usei a coluna que assinava na revista Seara, da CPAD, para prestar uma homenagem à pessoa que participou de momentos importantes de minha vida.
Paulo disse a Timóteo: "Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido" (2 Tm 3.14). Os estudiosos sabem que este "quem", no original, indica pluraridade. Ou seja, o apóstolo disse ao seu jovem seguidor que ele deveria se lembrar das pessoas que contribuíram para o seu aprendizado. E o meu objetivo, ao escrever este artigo, é prestar uma homenagem a um dos homens de Deus que muito me ensinaram por meio de suas vidas e ensinamentos.
Foi o pastor Valdir Bícego quem me encaminhou ao ministério, segundo a vontade do Senhor. Além disso, quatro meses antes de sua partida para a glória, eu era um dos seus principais auxiliares na Assembléia de Deus da Lapa, em São Paulo. Desde o dia em que o vi pregar, acendeu-se em mim uma chama para proclamar o evangelho e passei a me esforçar para não perder nenhuma de suas mensagens, verdadeiramente recebidas do Senhor (cf. 1 Co 15.3). Eu tenho certeza de que o que ele pregava e ensinava provinha do Senhor.
Um profeta do Altíssimo. Em julho de 1993, na Assembléia de Deus da Lapa, quando ele ensinava os obreiros acerca dos dons concedidos aos crentes, apontou em minha direção, em meio à multidão, e disse: “Irmão, você que recebeu o dom de Deus para escrever, mande um artigo para o Mensageiro da Paz”. No dia seguinte, ainda surpreso, enviei um texto, que escrevera havia algum tempo, ao setor de Jornalismo da CPAD. E, meses depois, com a publicação do artigo, tive a confirmação de que Deus falara comigo profeticamente.
Jamais conheci um pregador que reunisse tantas qualidades como Valdir Bícego. De alguma forma, ele era usado com todos os dons ministeriais mencionados em Efésios 4.11. Sim, ele era um mestre, um pastor, um evangelista, um profeta e, sem dúvidas, um apóstolo do Senhor. Quem o conheceu de perto como eu, pode, sem medo de cometer exageros, fazer tal afirmação.
Um admirável pregador e defensor da verdade. O principal expoente da última década do século XX era um homem sério, discreto e simples. Não gostava de elogios, temendo receber a glória que pertence só a Deus (cf. Is 48.11). Com a modéstia que lhe era peculiar, enfatizava: “Irmãos, eu sei pouco, mas aprendi certo”. Para quem não sabe, ele aprendeu aos pés de homens como Cícero Canuto de Lima e Eurico Bergstén, sempre mencionados em suas preleções. Seu pastorado foi marcado pela humildade e pela fidelidade. Quando alguém o elogiava, em datas comemorativas, ele fazia questão de ler Salmos 118.23: “Foi o Senhor que fez isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos”. Seu ministério foi semelhante ao de Samuel, cujas palavras não caíram por terra (1 Sm 3.19). Seu amor à Palavra e à evangelização, sua sinceridade e, principalmente, sua humildade sempre me inspirarão.
O último mês de sua vida na Terra foi uma síntese de seu ministério. Viajou aos EUA, onde participou de uma escola bíblica e visitou seu filho mais novo. De volta ao Brasil, participou de um encontro voltado à obra missionária, em Águas de Lindóia (SP). Depois, seguiu para Limeira (SP), onde aproximadamente cinqüenta pessoas se renderam a Cristo após sua pregação. Já na capital paulista, no domingo pela manhã, participou do até então maior batismo da história das Assembléias de Deus, que somou mais de duas mil pessoas.
Ainda no domingo, na igreja que pastoreava há quinze anos, no bairro da Lapa, em São Paulo, pregou com muito entusiasmo, como sempre fazia. Na terça-feira, na Assembléia de Deus do Belenzinho (sede do ministério em São Paulo), por volta das 13h, conversou pela última vez, aqui na terra, com o pastor José Wellington Bezerra da Costa. Poucas horas depois, entrava triunfante no Paraíso.
Uma partida repentina. Tudo leva a crer que o pastor Valdir, à semelhança de Paulo (2 Tm 4.6-8), sentia que em breve estaria com o Senhor. No culto de domingo, antes de o coral cantar o hino “Ao Passar o Jordão”, ele fez um comentário enigmático: “Quem sabe, um de nós passará o Jordão nessa semana”. No momento, ninguém percebeu, mas Deus estava dando um aviso. Na segunda-feira, em sua última pregação, também na sua igreja, mais um aviso: “Não fiquem em torno do pastor. Fiquem em torno de Jesus, da Palavra e do ministério, pois o pastor pode morrer a qualquer momento”.
Todos esses fatos demonstram que não devemos questionar acerca da circunstância violenta da sua morte. A Bíblia não estabelece o modo como devemos morrer. Embora haja promessas de livramento para os crentes fiéis (2 Sm 22.49; Sl 18.48; 34.7), estamos sujeitos a morrer de forma violenta, caso Deus permita (Mt 14.1-12). O próprio Senhor Jesus admitiu essa possibilidade ao declarar: “E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”, Mt 10.28.
Para o salvo, o importante é morrer “em Cristo”, 1 Ts 4.16. O modo da morte para o cristão, aliás, perde a relevância diante de textos como 1 Coríntios 15.51-53 e 2 Coríntios 5.1-4, que enfatizam a transformação do corpo. Por isso, Paulo, que, segundo a tradição, foi decaptado, afirmou: “... para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho”, Fp 1.21.
Um obreiro inesquecível. Na verdade, Deus “arrebatou” o pastor Valdir Bícego com o objetivo de realizar uma obra ainda maior por meio de nós. A morte desse servo do Senhor assemelha-se à de Estêvão (At 7), que, no auge de seu ministério, ainda tinha muito a oferecer à igreja nascente. Não obstante, depois de sua morte, os cristãos foram impulsionados a pregar o evangelho aos gentios (At 8.1-4).
Valdir Bícego deixou para nós, além de inúmeras pregações ungidas (das quais sempre nos recordamos, como "Os carros de Deus", "O rapaz que dormiu no culto", "Preparado está o meu coração", etc.), dois livros, publicados pela CPAD: Evangelismo (da Coleção Ensino Teológico) e Manual de Evangelismo, obras em que a sua característica principal é evidenciada: a Bíblia explicada pela própria Bíblia.
Ele também deixou muitos discípulos. Quanto a mim, continuarei com o propósito de ser o seu imitador, assim como ele era de Cristo (1 Co 11.1). À família Bícego, ofereço um dos textos mais apreciados por ele: 1 Tessalonicenses 4.16-18. E aos que, como eu, ainda sentem muitas saudades do admirável pastor Valdir, convido-os a fazer suas as palavras de Jó, lidas pelo saudoso missionário Eurico Bergstén em seu sepultamento: “... o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor”, Jó 1.21.
Ciro Sanches Zibordi
Paulo disse a Timóteo: "Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido" (2 Tm 3.14). Os estudiosos sabem que este "quem", no original, indica pluraridade. Ou seja, o apóstolo disse ao seu jovem seguidor que ele deveria se lembrar das pessoas que contribuíram para o seu aprendizado. E o meu objetivo, ao escrever este artigo, é prestar uma homenagem a um dos homens de Deus que muito me ensinaram por meio de suas vidas e ensinamentos.
Foi o pastor Valdir Bícego quem me encaminhou ao ministério, segundo a vontade do Senhor. Além disso, quatro meses antes de sua partida para a glória, eu era um dos seus principais auxiliares na Assembléia de Deus da Lapa, em São Paulo. Desde o dia em que o vi pregar, acendeu-se em mim uma chama para proclamar o evangelho e passei a me esforçar para não perder nenhuma de suas mensagens, verdadeiramente recebidas do Senhor (cf. 1 Co 15.3). Eu tenho certeza de que o que ele pregava e ensinava provinha do Senhor.
Um profeta do Altíssimo. Em julho de 1993, na Assembléia de Deus da Lapa, quando ele ensinava os obreiros acerca dos dons concedidos aos crentes, apontou em minha direção, em meio à multidão, e disse: “Irmão, você que recebeu o dom de Deus para escrever, mande um artigo para o Mensageiro da Paz”. No dia seguinte, ainda surpreso, enviei um texto, que escrevera havia algum tempo, ao setor de Jornalismo da CPAD. E, meses depois, com a publicação do artigo, tive a confirmação de que Deus falara comigo profeticamente.
Jamais conheci um pregador que reunisse tantas qualidades como Valdir Bícego. De alguma forma, ele era usado com todos os dons ministeriais mencionados em Efésios 4.11. Sim, ele era um mestre, um pastor, um evangelista, um profeta e, sem dúvidas, um apóstolo do Senhor. Quem o conheceu de perto como eu, pode, sem medo de cometer exageros, fazer tal afirmação.
Um admirável pregador e defensor da verdade. O principal expoente da última década do século XX era um homem sério, discreto e simples. Não gostava de elogios, temendo receber a glória que pertence só a Deus (cf. Is 48.11). Com a modéstia que lhe era peculiar, enfatizava: “Irmãos, eu sei pouco, mas aprendi certo”. Para quem não sabe, ele aprendeu aos pés de homens como Cícero Canuto de Lima e Eurico Bergstén, sempre mencionados em suas preleções. Seu pastorado foi marcado pela humildade e pela fidelidade. Quando alguém o elogiava, em datas comemorativas, ele fazia questão de ler Salmos 118.23: “Foi o Senhor que fez isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos”. Seu ministério foi semelhante ao de Samuel, cujas palavras não caíram por terra (1 Sm 3.19). Seu amor à Palavra e à evangelização, sua sinceridade e, principalmente, sua humildade sempre me inspirarão.
O último mês de sua vida na Terra foi uma síntese de seu ministério. Viajou aos EUA, onde participou de uma escola bíblica e visitou seu filho mais novo. De volta ao Brasil, participou de um encontro voltado à obra missionária, em Águas de Lindóia (SP). Depois, seguiu para Limeira (SP), onde aproximadamente cinqüenta pessoas se renderam a Cristo após sua pregação. Já na capital paulista, no domingo pela manhã, participou do até então maior batismo da história das Assembléias de Deus, que somou mais de duas mil pessoas.
Ainda no domingo, na igreja que pastoreava há quinze anos, no bairro da Lapa, em São Paulo, pregou com muito entusiasmo, como sempre fazia. Na terça-feira, na Assembléia de Deus do Belenzinho (sede do ministério em São Paulo), por volta das 13h, conversou pela última vez, aqui na terra, com o pastor José Wellington Bezerra da Costa. Poucas horas depois, entrava triunfante no Paraíso.
Uma partida repentina. Tudo leva a crer que o pastor Valdir, à semelhança de Paulo (2 Tm 4.6-8), sentia que em breve estaria com o Senhor. No culto de domingo, antes de o coral cantar o hino “Ao Passar o Jordão”, ele fez um comentário enigmático: “Quem sabe, um de nós passará o Jordão nessa semana”. No momento, ninguém percebeu, mas Deus estava dando um aviso. Na segunda-feira, em sua última pregação, também na sua igreja, mais um aviso: “Não fiquem em torno do pastor. Fiquem em torno de Jesus, da Palavra e do ministério, pois o pastor pode morrer a qualquer momento”.
Todos esses fatos demonstram que não devemos questionar acerca da circunstância violenta da sua morte. A Bíblia não estabelece o modo como devemos morrer. Embora haja promessas de livramento para os crentes fiéis (2 Sm 22.49; Sl 18.48; 34.7), estamos sujeitos a morrer de forma violenta, caso Deus permita (Mt 14.1-12). O próprio Senhor Jesus admitiu essa possibilidade ao declarar: “E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”, Mt 10.28.
Para o salvo, o importante é morrer “em Cristo”, 1 Ts 4.16. O modo da morte para o cristão, aliás, perde a relevância diante de textos como 1 Coríntios 15.51-53 e 2 Coríntios 5.1-4, que enfatizam a transformação do corpo. Por isso, Paulo, que, segundo a tradição, foi decaptado, afirmou: “... para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho”, Fp 1.21.
Um obreiro inesquecível. Na verdade, Deus “arrebatou” o pastor Valdir Bícego com o objetivo de realizar uma obra ainda maior por meio de nós. A morte desse servo do Senhor assemelha-se à de Estêvão (At 7), que, no auge de seu ministério, ainda tinha muito a oferecer à igreja nascente. Não obstante, depois de sua morte, os cristãos foram impulsionados a pregar o evangelho aos gentios (At 8.1-4).
Valdir Bícego deixou para nós, além de inúmeras pregações ungidas (das quais sempre nos recordamos, como "Os carros de Deus", "O rapaz que dormiu no culto", "Preparado está o meu coração", etc.), dois livros, publicados pela CPAD: Evangelismo (da Coleção Ensino Teológico) e Manual de Evangelismo, obras em que a sua característica principal é evidenciada: a Bíblia explicada pela própria Bíblia.
Ele também deixou muitos discípulos. Quanto a mim, continuarei com o propósito de ser o seu imitador, assim como ele era de Cristo (1 Co 11.1). À família Bícego, ofereço um dos textos mais apreciados por ele: 1 Tessalonicenses 4.16-18. E aos que, como eu, ainda sentem muitas saudades do admirável pastor Valdir, convido-os a fazer suas as palavras de Jó, lidas pelo saudoso missionário Eurico Bergstén em seu sepultamento: “... o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor”, Jó 1.21.
Ciro Sanches Zibordi
Comentários
Li há muito tempo e aprendi bastante com ele!
Certamente, de tão abençoado que o pastor era, Deus resolveu tomá-lo para si, como fez com Enoque.
Minhas condolências.
gracasomente.blogspot.com
Hoje mais do que nunca, não poderia deixar de comentar, nãoconheço esse irmão e vejo a foto dele pela primeira vez no seu blog... mas confesso... que eu me lembro que o senhor mencionou o noem dele nos seus livros e contou a um pouco das experiencias principalmente do seu chamado para escrever... confesso que quando eu li no livro meu coração ardeu de alegria, pelo senhor e pelo seu saudoso pastor Bicego...
O nosso dever é orar a Deus que a nova geração de pregadores tenham essas caracteristicas do seu pastor...
Para que o nome de Cristo seja glorificado!
Edson Dorna
www.santodosantos.blogspot.com
Eu também admirava muito o saudoso Pr. Valdir Bícego. Ele pregou algumas vezes na igreja em minha cidade (Uberlândia/MG), sendo a primeira vez em 1983, em um congresso de jovens. Eu era adolescente e recém-convertido, mas nunca esqueci aquela pregação. Apreciava suas pregações e também seus escritos, seu trabalho com os ceifeiros em chama. Parabéns pela homenagem a esse servo de Deus.
Graça e Paz do Senhor
Pr. Juber Donizete Gonçalves
www.juberdonizete.blogspot.com/
Como foi a sua Morte???
Ainda não morri, a não ser para o pecado...
Eu entendi a sua pergunta! Mas fique atento ao vernáculo, meu jovem!
Bem, falando sério, não vejo razão para comentar sobre o que me perguntou, sinceramente. A partida do pastor Valdir foi em decorrência de ação de infratores da lei, homicidas. E isso gerou especulações, em razão de ser o pastor Valdir um grande defensor da verdade.
Mas, como eu já disse, não devemos questionar acerca da circunstância violenta da sua morte. A Bíblia não estabelece o modo como devemos morrer. Embora haja promessas de livramento para os crentes fiéis (2 Sm 22.49; Sl 18.48; 34.7), estamos sujeitos a morrer de forma violenta, caso Deus permita (Mt 14.1-12). O próprio Senhor Jesus admitiu essa possibilidade ao declarar: “E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”, Mt 10.28.
Para o salvo, o importante é morrer “em Cristo”, 1 Ts 4.16. O modo da morte para o cristão, aliás, perde a relevância diante de textos como 1 Coríntios 15.51-53 e 2 Coríntios 5.1-4, que enfatizam a transformação do corpo. Por isso, Paulo, que, segundo a tradição, foi decaptado, afirmou: “... para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho”, Fp 1.21.
Um abraço!
CSZ
Caro Pr. Ciro, eu não tive o privilégio de conhecer o Pr. Valdir pessoalmente, mas, sou leitor assíduo dos periódicos CPAD e neles pude ser abençoado pelas mensagens inspiradas pelo Espírito Santo de Deus, que edificaram a minha vida e a vida de milhares de servos de Deus.
O Sr. foi bem-aventurado em conhecê-lo! Toda honra e glória a Deus, pela vida deste grande homem!
eu li muitos artigos desse pastor.Era mesmo um homem de Deus.Percebo que você [e mesmo um seguidor dele.continue assim.também escrevo e estou atrás de oportunidade para isso.Se puder me conceder alguma dica...Obrigado.
Gostei muito desta frase, e também deste post.
Que Deus lhe abençoe!
Pastor Ciro abençoada seja a sua vida.A Paz do Senhor
Thank you very much.
CSZ
Muito triste a forma como partiu para a eternidade, mas as sementes que foram plantadas por ele, com certeza, já floresceram no coração de muitos!
Era muito bom colocar OnLine as mensagens do Pastor Valdir Bícego mencionadas aqui se posse possivel e nao desse muito trabalho.
"Os carros de Deus", "O rapaz que dormiu no culto", "Preparado está o meu coração"
Obrigado que Deus o abençoe e muitissimo obrigado
Pastor Fernando Pinto