Na quarta parte desta série de artigos sobre a interpretação bíblica, ainda discorrerei sobre outras figuras de linguagem que ocorrem no texto sagrado:
6) Paradoxo - proposição, idéia ou opinião aparentemente contraditórias. Vejamos alguns exemplos:
a) “Segue-me, e deixa aos mortos sepultar os seus mortos”, Mt 8.22.
b) “Quem achar a sua vida perdê-la-á”, Mt 10.39.
c) “... coais um mosquito e engulis um camelo”, Mt 23.24.
d) “... é mais fácil entrar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”, Lc 18.25.
e) “Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem”, 2 Co 4.18.
Nota-se que em todos os paradoxos mencionam-se coisas impossíveis, como: morto sepultar morto; mosquito ser coado; e camelo passar pelo pequeno orifício de uma agulha (agulha, mesmo!). Entretanto, todas essas proposições aparentemente estranhas são entendidas quando lemos os seus contextos imediatos.
a) No primeiro exemplo, Jesus fala de mortos espiritualmente sepultando pessoas mortas fisicamente.
b) No segundo, ele ensina que ninguém pode salvar a si mesmo.
c) Em Mateus 23.24 , o Mestre condena os fariseus por se importarem com pequenas coisas (coar mosquito), enquanto cometiam erros maiores (engolir camelo).
d) O exemplo do item “d” fala do perigo de ter o coração nas riquezas.
e) E o último ensina que devemos atentar para as coisas celestiais.
7) Pleonasmo - ocorre quando há repetição da mesma idéia, isto é, redundância de significado. É empregado para reforçar uma idéia, enriquecendo uma expressão. Em João 11.43, Jesus bradou: “Lázaro, sai para fora”. Ele podia ter dito simplesmente: “Lázaro, sai”. Mas, apesar de correta, essa construção seria pobre, sem ênfase e vazia. Outros exemplos: 1 Rs 19.11; At 14.10.
8) Símile - do latim similis, “semelhante”, “parecido”. É a figura caracterizada, em geral, pela palavrinha “como”. Difere da metáfora, que é uma comparação não expressa. Quando João foi arrebatado em espírito e viu Jesus em glória (Ap 1.10-20), ele não teve palavras para descrevê-lo, lançando mão de alguns símiles: “voz como trombeta”, “cabelos como lã”, “olhos como chama de fogo”, “pés semelhantes a latão reluzente”, “voz como muitas águas”, etc.
9) Ironia - expressão que exprime, aparentemente, o contrário. Essa figura é melhor entendida na linguagem falada, pois a entonação da voz não deixa dúvidas quanto à intenção do emissor. Quando se diz “Aquele irmão é uma bênção...”, querendo que o ouvinte entenda o contrário, regula-se a tonalidade de voz, prolongando o tempo em algumas sílabas. Mas, na linguagem escrita, a ironia só pode ser percebida mediante a leitura do contexto.
Quem são os “excelentes apóstolos” de 2 Coríntios 11.5? O contexto revela que Paulo empregou uma ironia para falar de falsos apóstolos (vv. 13-15). Vale lembrar também das palavras irônicas de Elias aos profetas de Baal: “Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; (...) porventura dorme, e despertará”, 1 Rs 18.27. Outro exemplo de ironia é a de Jó, ao contestar as argumentações de seus “amigos”: “... convosco morrerá a sabedoria”, Jó 12.2.
(continua...)
Ciro Sanches Zibordi
6) Paradoxo - proposição, idéia ou opinião aparentemente contraditórias. Vejamos alguns exemplos:
a) “Segue-me, e deixa aos mortos sepultar os seus mortos”, Mt 8.22.
b) “Quem achar a sua vida perdê-la-á”, Mt 10.39.
c) “... coais um mosquito e engulis um camelo”, Mt 23.24.
d) “... é mais fácil entrar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”, Lc 18.25.
e) “Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem”, 2 Co 4.18.
Nota-se que em todos os paradoxos mencionam-se coisas impossíveis, como: morto sepultar morto; mosquito ser coado; e camelo passar pelo pequeno orifício de uma agulha (agulha, mesmo!). Entretanto, todas essas proposições aparentemente estranhas são entendidas quando lemos os seus contextos imediatos.
a) No primeiro exemplo, Jesus fala de mortos espiritualmente sepultando pessoas mortas fisicamente.
b) No segundo, ele ensina que ninguém pode salvar a si mesmo.
c) Em Mateus 23.24 , o Mestre condena os fariseus por se importarem com pequenas coisas (coar mosquito), enquanto cometiam erros maiores (engolir camelo).
d) O exemplo do item “d” fala do perigo de ter o coração nas riquezas.
e) E o último ensina que devemos atentar para as coisas celestiais.
7) Pleonasmo - ocorre quando há repetição da mesma idéia, isto é, redundância de significado. É empregado para reforçar uma idéia, enriquecendo uma expressão. Em João 11.43, Jesus bradou: “Lázaro, sai para fora”. Ele podia ter dito simplesmente: “Lázaro, sai”. Mas, apesar de correta, essa construção seria pobre, sem ênfase e vazia. Outros exemplos: 1 Rs 19.11; At 14.10.
8) Símile - do latim similis, “semelhante”, “parecido”. É a figura caracterizada, em geral, pela palavrinha “como”. Difere da metáfora, que é uma comparação não expressa. Quando João foi arrebatado em espírito e viu Jesus em glória (Ap 1.10-20), ele não teve palavras para descrevê-lo, lançando mão de alguns símiles: “voz como trombeta”, “cabelos como lã”, “olhos como chama de fogo”, “pés semelhantes a latão reluzente”, “voz como muitas águas”, etc.
9) Ironia - expressão que exprime, aparentemente, o contrário. Essa figura é melhor entendida na linguagem falada, pois a entonação da voz não deixa dúvidas quanto à intenção do emissor. Quando se diz “Aquele irmão é uma bênção...”, querendo que o ouvinte entenda o contrário, regula-se a tonalidade de voz, prolongando o tempo em algumas sílabas. Mas, na linguagem escrita, a ironia só pode ser percebida mediante a leitura do contexto.
Quem são os “excelentes apóstolos” de 2 Coríntios 11.5? O contexto revela que Paulo empregou uma ironia para falar de falsos apóstolos (vv. 13-15). Vale lembrar também das palavras irônicas de Elias aos profetas de Baal: “Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; (...) porventura dorme, e despertará”, 1 Rs 18.27. Outro exemplo de ironia é a de Jó, ao contestar as argumentações de seus “amigos”: “... convosco morrerá a sabedoria”, Jó 12.2.
(continua...)
Ciro Sanches Zibordi
Comentários
Este é um verdadeiro curso de interpretação!
Obrigado por compartilhar com seus irmãos o que o Senhor tem lhe concedido!
Agradeço-lhe pela maneira respeitosa com que se dirige a mim. Que Deus abençoe o seu ministério, que "Toda boa dádiva e todo o dom perfeito" desçam do Alto, do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação (Tg 1.17).
CSZ
Fiquei MUITO horanda com sua visita em meu blog. Obrigada pela atenção, espero te-lo lá mais vezes: "http://crisfrenesi.blig.ig.com.br/". =]
Em relação ao texto em questão, quero comentar sobre uma coisa que me chama muito atenção nas Palavras de Cristo, a forma figurada com que Ele expõe Sua mensagem, sem dúvida a intenção era(é) levar o homem a pensar sobre, fixando assim o sentido moral daquilo que Ele quisera nos ensinar.
Bjks e a Graça e Paz de Cristo!
PARABENS PELA MATERIA
ESTA SENDO UMA BENÇÃO PARA AS NOSSAS VIDAS
MUITA BOA ESTA MATERIA, ELA NOS AJUDA MUITO A COMPREENDER UM POUCO MAIS SOBRE INTERPRETAÇÃO BIBLICA.
QUE DEUS TE ABENÇOE E NAO DESANIME DIANTE DOS ADVERSARIOS, QUE ESTA SEMPRE LHE AFROANTANDO E DEFENDENDO OS SEUS ENGANADORES.
PARA SUA MEDIATAÇÃO FP 1.29-30
UM ABRAÇO E FICA NA PAZ
QUE DEUS CONTINUE TE USANDO PARA DEFESA DO EVANGELHO (FL.1.16), QUERIA SOLICITAR AO PASTOR A POSTAR UM ARTIGO SOBRE, ORDENA
ÇÃO ANTIBIBLICA DE PASTORA AO SANTO MINISTÉRIO.
Meus parabéns mais uma vez Pr. Ciro! Fica na Paz do Senhor!
Gostei deste texto, achei-o produtivo, sou de uma comunidade evangélica no interior de Minas e acabei de achar seu blog por acaso.
Lendo o texto, lembrei de um livro que alguns amigos universitarios em BH leram, e vi, infelizmente um se desviar.
Chama-se "A SOCIEDADE SECRETA DE JESUS"
http://www.sociedadesecreta.com.br/
Gostaria de ver um texto seu comentando esse livro e também rebatendo as mentiras contidas nele.
Paz de Cristo.
Sou residente no interior de Minas e encontrei seu blog por acaso, no google.
Gostei de seu texto, achei-o produtivo.
Lendo ele, lembrei de um livro que alguns amigos da universidade estavam lendo, chama-se "A SOCIEDADE SECRETA DE JESUS"
http://www.sociedadesecreta.com.br/
Gostaria de ler um texto seu comentando o livro e as heresias que aparecem nele.
Que Deus abençõe sua vida.
Boa semana,
Luis
Bom, queria aproveitar a questão da interpretação pra pedir um auxílio ao senhor. Queria que me ajudasse a entender uma passagem que sempre leio e me confundo na interpretação dela, segue abaixo o texto:
Tiago 4: 11. Não faleis um contra o outro, irmãos. Aquele que fala contra o seu irmão, e julga a seu irmão, fala contra a Lei, e julga a Lei. Mas, se julgas a Lei, não és cumpridor da Lei, mas juiz.
12. Somente um é o Legislador capaz de inocentar e de condenar. Quem és tu que julgas o outro?
Minha dúvida é a seguinte:
Eu sei que podemos julgar tudo que diz respeito a nós como Igreja, julgar doutrinas e teologias, Paulo nos mostra isso na carta aos Coríntios e outras, e Cristo em João 7:24. Mas então, o que realmente Tiago está reprovando aí? Se é que esteja reprovando algo!
Obrigado pela cooperação!
Recentemente tbm fiz um blog: http://joe-saindodamatrix.blogspot.com/
pretendo em breve colocar alguns textos que fiz.
Em 23/11, ao publicar a 4a parte da série "como interpretar a bíblia corretamente?" o senhor nos prometeu que a série continuaria. Porém, procurei pela 5a parte neste blog e não achei. Ela existe ou o irmão se esqueceu ou não teve tempo de publicar? Estou esperando ansiosamente por ela.
A paz do Senhor,
Everton.
Gostei muito destes estudos, é sempre bom aprender. Aliás, o aprendizado é contínuo... é um processo...
Outra coisa, no ditado popular a "promessa é dívida". No final do seu texto diz: "continua...". E então? Vai ter continuidade mesmo? Espero que sim!!! Na paz de Cristo, Quédia.