Erros que os professores devem evitar (1)


Há pouco tempo, no Brasil, o sucesso do livro Vida com Propósitos, de Rick Warren, fez com que temas de congressos, títulos de artigos e de outros livros passassem a ter o complemento “com propósitos”. O título deste artigo também foi inspirado nos livros Erros que os Pregadores Devem Evitar (2005) e Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar (2007), editados pela CPAD. Isso denota que as obras de minha modesta autoria têm sido bem aceitas pelo público ledor — não tanto quanto o best-seller de Warren, mas o suficiente para os editores da revista Ensinador Cristão me pedirem que escrevesse este artigo. Glória a Deus!
É mesmo útil uma abordagem sobre os erros dos professores? Não seria melhor uma exposição dos acertos de mestres bem-sucedidos, ao longo da História? Faz-se necessário discorrermos sobre o lado negativo, a fim de que valorizemos ainda mais os aspectos e exemplos positivos. Quando o professor sabe o que não deve fazer, as suas possibilidades de acerto aumentam ainda mais.

Erros quanto às leis do ensino

Desconhecer as leis do ensino. Todo professor deve conhecer as principais leis do ensino. O motorista que respeita as leis de trânsito, além de não receber em casa uma multa, está colaborando com a sua segurança e de outros motoristas. Se um agricultor não conhecer as leis de sementeira e cega, como terá êxito em seu trabalho? Imagine o que um professor pode estar perdendo por desconhecer as leis do ensino.
John Milton Gregory, em sua obra As Sete Leis do Ensino, editada pela CPAD (p.15), declarou: “O ensino tem suas leis naturais tão fixas como as leis que regem as palavras ou outros organismos que são suscetíveis ao crescimento. É um processo em que se empregam forças definidas que produzem resultados também definidos. E estes se manifestam de forma tão regular e exata como o dia que surge com o nascer do sol. O que o mestre faz, o faz por meios naturais que conseqüentemente geram resultados naturais. O princípio de causa e efeito é tão preciso — embora nem sempre tão óbvio e facilmente compreendido — no desenvolvimento da mente como da matéria. As leis da mente são tão firmes quanto à da matéria”.
Não pôr essas leis em prática. Jesus disse: “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes” (Jo 13.17). Outro erro, portanto, é conhecer as tais regras e não aplicá-las. O mestre Antonio Gilberto discorre com clareza sobre as leis do ensino e da aprendizagem em sua obra Manual da Escola Dominical, editada pela CPAD. Ele deixa claro, ao abordar essas leis, que o aluno aprende quando motivado; quando gosta; quando necessita; quando vê fazer; quando faz; quando há métodos certos de ensino; quando investiga; quando está interessado; quando crê, confia; quando ora; quando recebe atenção pessoal (pp.185-187).
Gilberto também menciona as três leis básicas de aprendizagem, que são: a lei da disposição mental, a lei do efeito, a lei do exercício ou da repetição (p.190). É óbvio que o professor que conhece tais leis e as aplica terá um ótimo resultado em seu trabalho para o Senhor.

Erros quanto aos objetivos

Não ter nenhum objetivo. Não podemos “bater no ar” (1Co 9.26) nem “falar ao ar” (1Co 14.9). Myer Pearlman afirmou: “Se não houver propósito firme e uma preparação, se tudo for deixado ao acaso, assim também serão os resultados do seu ensino” (Ensinando com Êxito na Escola Dominical, Editora Vida, p.8). Há professores que estudam sem ter um objetivo, ensinam (ensinam?) sem ter um alvo etc.
Não saber o que ensinar e como. Em Romanos 2.21 está escrito: “Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo?” De acordo com Myer Pearlman, o professor não pode compartilhar o que não compreende, nem pode falar com autoridade se não tiver um conhecimento completo da matéria que ensinará. Se você tem a intenção de entregar-se à dura tarefa de ensinar, estude sem cessar, leia com diligência acerca de tudo o que a Palavra de Deus ensina em diversos níveis, e faça um estudo sistemático das Escrituras.
Desconhecer o público-alvo. Com base na biografia do persistente Thomas Edison, alguém deduziu que os “gênios” resultam da seguinte fórmula: 2% de inspiração + 98% de transpiração. O ensino é uma arte que pode ser adquirida, haja vista ser governada por leis definidas. Ensinar, em termos simples, é despertar a mente do aluno para captar e reter a verdade. É muito mais que partilhar com outros as verdades que possuímos.
Não adianta nada possuir muito conhecimento, se não houver domínio da arte de ensinar. Qual é o seu público? Adultos, jovens, adolescentes, intermediários, primários, crianças? Você o conhece bem e sabe como ensiná-lo? Ensinar significa motivar os alunos a pensarem por si mesmos, de tal modo que cheguem aos fatos. Como fazer isso? É necessário, antes de tudo, conhecê-los, individual (se possível) e coletivamente. Conhecer um a um, só com o tempo. Mas o professor tem a obrigação de saber quais são as principais características de sua turma e de seu público-alvo, de maneira geral.

(continua...)

Ciro Sanches Zibordi

Comentários

Ótimo artigo Pr. Ciro...
Parabéns!
Anônimo disse…
Paz do Senhor, pastor!

Eu te "conheci" através desse artigo da Ensinador Cristão, da qual eu sou assinante!

Deus abençoe!
Anônimo disse…
A paz do Senhor pr. Ciro.
Mais uma vez cumprimento-o pela excelente abordagem. Momento propício para quem quer aproveitar e fazer com mais qualidade a obra do Mestre. Estou aguardando a continuação.
Grande abraço fraterno. Graça
Anônimo disse…
Que máximo Pr. Ciro! É bom ler artigos específicos para os professores aqui. Há também os estilos de aprendizagem , que também são muito importantes, não é? Acredito que ser professor também é ter vocação... Certa vez vi um livro com o título: "Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo." E é verdade, muitos acham que ensinam alguma coisa e não ensinam nada e outros pensam que mesmo se esforçando, não estão ensinando, mas os alunos mais atentos, aprendem até com cada gesto do professor...Muito bom mesmo essa série de artigos sobre o livro: As sete leis do ensino!!! Em Cristo, Quédia.
Anônimo disse…
Pator, mais uma vez obrigada pela atenção e pela resposta!!

AGORA eu entendi!!

É como diz a letra de um hino do Grupo Logos que eu gosto bastante:

Não quero ser como nuvem sem água
Levada por ventos daqui ou de lá
Eu não quero ser árvore achada sem frutos no pé
Quero ter conteúdo, sabendo de tudo em volta de mim
Mas nunca trocando a Viva Palavra
Pelo que eu achava ou deixe de achar
Eu quero ter uma música suave
Que tire os entraves daqui ou de lá
Deus não quer que pecados se escondam no meu coração
Quero ter conteúdo sabendo de tudo em volta de mim
Mas nunca trocando a Viva Palavra
Pelo que eu achava ou deixe de achar
É meu dever ajudar a abrir muitos olhos
Que estão por aqui ou por lá
Com idéias tão dúbias, ainda afastados da luz
Quero ter conteúdo, sabendo de tudo em volta de mim
Mas nunca trocando a Viva Palavra
Pelo que eu achava ou deixe de achar

Mudando de assunto...
Tem alguma possibilidade de o autor de Erros e Mais erros que os pregadores devem evitar comparecer na 20ª Bienal do Livro em São Paulo no período de 14 a 24 de agosto??
Mari disse…
Paz!
Como vai o senhor?

Muito bom o artigo,adorei!
Quero ler a continuação rs

A propósito,queria aqui registrar uma perguntinha bem simples:
O senhor [ou melhor, a Bíblia] concorda ou mostra que existe uma diferença entre o crente e o cristão?

Obrigada!
Fique na Paz!
Mari,

A paz do Senhor! Tudo bem, graças a Deus.

Agradeço-lhe pelas palavras de incentivo.

Sua pergunta mereceria ser respondida em http://pastorciroresponde.blogspot.com, mas vou respondê-la aqui mesmo...

Se o crente for um crente em Jesus Cristo e fiel, e o cristão for um cristão de verdade, um seguidor de Cristo, então os títulos se equivalem. Mas há vários tipos de crente e de cristão...

Até o Diabo é crente! Ademais, existe o cristão deformado, o reformado, o conformado, mas, graças a Deus, existe também o cristão transformado (Rm 12.1,2)!

Um grande abraço.

CSZ
Olá, Vanessa!

Suas perguntas são tão boas, que tenho preferido responder a todas elas no novo blog: http://pastorciroresponde.blogspot.com.

Gosto muito do grupo Logos e acompanho o trabalho do Paulo César desde o tempo do Elo, quando ele o Jayrinho Gonçalves compunham hinos bonitos. Se bem que o estilo usado por eles não é muito apropriado para igreja, com algumas exceções. São composições para ouvirmos em casa, no carro, em meditação, mas são muito lindas e com conteúdo bíblico.

Não existe, humanamente falando, nenhuma possibilidade de o autor de "Erros..." e "Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar" comparecer à Bienal do Livro, em São Paulo, nos dias 14 a 24 de agosto, porque terá duas viagens para outros estados.

Um grande abraço.

CSZ
Anônimo disse…
Paz do Senhor, pastor!

Eu conheço o Grupo Elo tbm, tenho vários dos hinos antigos deles. Conhece o "Calmo, sereno e tranqüilo" (com trema por enquanto)?

Das minhas perguntas, acho que a quinta é a mais difícil. Já perguntei pra várias pessoas e até agora ninguém soube me responder...

Quanto à Bienal, faz uma forcinha, pastor!! A ponte aérea Rio-São Paulo demora só 40 minutinhos! O senhor vem e volta no mesmo dia! Mas venha num sábado, por favor, porque durante a semana não tenho como ir lá.

Deus abençoe!!