Um dos principais debates entre teólogos e crentes em geral gira em torno da soberania de Deus, da predestinação e do livre-arbítrio.
É comum ouvir expoentes defendendo o calvinismo e o arminianismo como verdades absolutas, dando a entender que a Bíblia pode ser manipulada a bel-prazer, a fim de ajustar-se a um sistema de interpretação.
Uns preferem aderir à perigosa neutralidade: "Isso é uma questão de interpretação. A Bíblia apóia tanto um quanto o outro. Essa questão não deve nos dividir".
Entretanto, alguém (ou ambos?) com certeza está errado ou enganado nessa discussão, haja vista não podermos nos apegar à falaciosa idéia de que a Palavra de Deus pode ser interpretada segundo o que pensamos.
Quer dizer, então, que uns podem se simpatizar com Calvino; e outros, com Armínio, certo? Todas as passagens da Bíblia que contrariam a um e a outro podem ser adaptadas a um ou a outro sistema de interpretação, a fim de satisfazer a todos? Que engano! A Bíblia não se amolda à lógica e ao pensamento humanos. Ela é a Palavra de Deus! E é ela que deve nos guiar (Sl 119.105).
Tenho observado que, quando alguém discorda de um ou de outro sistema, automaticamente é tachado disso ou daquilo. “Ah, você não crê no calvinismo? Então você é arminiano?”, dizem. Ou vice-versa...
Mas é bom que paremos com isso e aceitemos as verdades da Palavra de Deus como elas são.
O que ensina o calvinismo?
Este sistema de interpretação — baseado na teologia de Calvino — prega a predestinação incondicional, teoria pela qual se defende cinco pontos principais:
Eleição incondicional. Deus teria escolhido certos indivíduos para a salvação, antes da fundação do mundo. Tais eleitos, de modo soberano, são conduzidos a uma aceitação voluntária a Cristo. Quanto aos não-eleitos, já estariam condenados ao sofrimento eterno desde o útero!
Expiação restrita. A obra expiatória de Cristo teria sido realizada apenas em prol de alguns eleitos, e não por toda a humanidade.
Graça irresistível. O calvinismo afirma que o Espírito Santo chama os eleitos internamente, em seus corações, e os leva à salvação. Tal chamado não estaria limitado ao livre-arbítrio; é o Espírito quem, pela graça, conduz o eleito a crer e se arrepender.
Incapacidade total. Em decorrência do pecado, o homem teria perdido a capacidade de crer no evangelho. Ele possui a faculdade da volição, o livre-arbítrio, porém a sua vontade não é livre, na prática, haja vista estar presa à sua natureza decaída.
Impossibilidade de perda da salvação. Todos os escolhidos por Deus, pelos quais Jesus teria morrido, estariam eternamente salvos, haja o que houver. Eles, por conseguinte, perseverarão até o fim, não por sua própria vontade, mas por obra do Espírito Santo em seus corações.
E o arminianismo, o que ensina?
Este sistema — baseado nas interpretações de Armínio — afirma que, apesar de o pecado ter afetado seriamente a natureza humana, o homem não foi deixado em um estado de total impotência espiritual. Para ele, a eleição de certos indivíduos baseia-se na presciência de Deus, conhecimento prévio de que os eleitos corresponderão ao seu chamado. Acreditava que a obra de Cristo não assegurou efetivamente a salvação de ninguém.
É claro que calvinismo e arminianismo têm razão em alguns pontos que defendem — talvez um tenha mais razão do que o outro. Entretanto, se você, caro internauta, está se firmando na teologia desses homens falíveis, receio que esteja em um terreno movediço. Se você tem travado longos debates (como tenho visto em comunidades do Orkut, em blogs, etc.) para defender o pensamento deles, esqueceu-se de que “... toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada” (1 Pe 1.24,25).
(continua...)
Ciro Sanches Zibordi
É comum ouvir expoentes defendendo o calvinismo e o arminianismo como verdades absolutas, dando a entender que a Bíblia pode ser manipulada a bel-prazer, a fim de ajustar-se a um sistema de interpretação.
Uns preferem aderir à perigosa neutralidade: "Isso é uma questão de interpretação. A Bíblia apóia tanto um quanto o outro. Essa questão não deve nos dividir".
Entretanto, alguém (ou ambos?) com certeza está errado ou enganado nessa discussão, haja vista não podermos nos apegar à falaciosa idéia de que a Palavra de Deus pode ser interpretada segundo o que pensamos.
Quer dizer, então, que uns podem se simpatizar com Calvino; e outros, com Armínio, certo? Todas as passagens da Bíblia que contrariam a um e a outro podem ser adaptadas a um ou a outro sistema de interpretação, a fim de satisfazer a todos? Que engano! A Bíblia não se amolda à lógica e ao pensamento humanos. Ela é a Palavra de Deus! E é ela que deve nos guiar (Sl 119.105).
Tenho observado que, quando alguém discorda de um ou de outro sistema, automaticamente é tachado disso ou daquilo. “Ah, você não crê no calvinismo? Então você é arminiano?”, dizem. Ou vice-versa...
Mas é bom que paremos com isso e aceitemos as verdades da Palavra de Deus como elas são.
O que ensina o calvinismo?
Este sistema de interpretação — baseado na teologia de Calvino — prega a predestinação incondicional, teoria pela qual se defende cinco pontos principais:
Eleição incondicional. Deus teria escolhido certos indivíduos para a salvação, antes da fundação do mundo. Tais eleitos, de modo soberano, são conduzidos a uma aceitação voluntária a Cristo. Quanto aos não-eleitos, já estariam condenados ao sofrimento eterno desde o útero!
Expiação restrita. A obra expiatória de Cristo teria sido realizada apenas em prol de alguns eleitos, e não por toda a humanidade.
Graça irresistível. O calvinismo afirma que o Espírito Santo chama os eleitos internamente, em seus corações, e os leva à salvação. Tal chamado não estaria limitado ao livre-arbítrio; é o Espírito quem, pela graça, conduz o eleito a crer e se arrepender.
Incapacidade total. Em decorrência do pecado, o homem teria perdido a capacidade de crer no evangelho. Ele possui a faculdade da volição, o livre-arbítrio, porém a sua vontade não é livre, na prática, haja vista estar presa à sua natureza decaída.
Impossibilidade de perda da salvação. Todos os escolhidos por Deus, pelos quais Jesus teria morrido, estariam eternamente salvos, haja o que houver. Eles, por conseguinte, perseverarão até o fim, não por sua própria vontade, mas por obra do Espírito Santo em seus corações.
E o arminianismo, o que ensina?
Este sistema — baseado nas interpretações de Armínio — afirma que, apesar de o pecado ter afetado seriamente a natureza humana, o homem não foi deixado em um estado de total impotência espiritual. Para ele, a eleição de certos indivíduos baseia-se na presciência de Deus, conhecimento prévio de que os eleitos corresponderão ao seu chamado. Acreditava que a obra de Cristo não assegurou efetivamente a salvação de ninguém.
É claro que calvinismo e arminianismo têm razão em alguns pontos que defendem — talvez um tenha mais razão do que o outro. Entretanto, se você, caro internauta, está se firmando na teologia desses homens falíveis, receio que esteja em um terreno movediço. Se você tem travado longos debates (como tenho visto em comunidades do Orkut, em blogs, etc.) para defender o pensamento deles, esqueceu-se de que “... toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada” (1 Pe 1.24,25).
(continua...)
Ciro Sanches Zibordi
Comentários
A Paz do Senhor, espero que o senhor esteja bem.
Concordo em parte com suas palavras, mas como irmão Emmerson disse, precisamos saber qual a verdade, pois ou um está certo, ou os dois estão errados, ou os dois estão certos.
Não queremos polemizar o assundo, apenas esclarecimentos.
Grandes pregadores do passado eram Calvinistas, o caso de Spurgeon. Mais mesmo assim não deixaram de pregar a todos. Mas hoje a Doutrina Calvinista ou do Lívre Arbítrio tem sido uma barreira para salvação dos perdidos.
Mas precisamos saber (eu tenho minha opinião) qual a verdade.
Espero ter sido claro em minhas palavras
Em Cristo
João Ricardo
Outrora, D'us falou aos israelitas: "Eis que ponho diante de vós as Minhas Instruções (...). Não se desviem delas, nem para a direita, nem para a esquerda, para que tudo se vos vá bem (...)." Não se vê pois, em toda a Palavra Infalível e Inerrante de D'us nada que possa ser considerado "doutrina empurrada goela abaixo", como é o caso do calvinismo e do arminianismo. Em suma, o ser humano é predestinado desde a fundação do mundo para a salvação e não é da vontade de D'us que ninguém seja perdido. Esta é, em resumo, a doutrina bíblica da Soteriologia.
Agradeço-lhe pela pergunta, mas o que vale não é a minha definição de livre-arbítrio, e sim que a livre-escolha ou a livre-vontade humana é, do começo ao fim da Bíblia, apresentada de modo implícito e explícito.
O livre-arbítrio é parte da humanidade criada à imagem de Deus (Gn 1.27). O poder da livre-escolha concedido aos seres humanos implicava então que DEVERIAM obedecer ao mandamentos recebidos do Criador e que PODERIAM obedecê-los (Gn 1.28; 2.16,17). E vemos em Gênesis 3 que o primeiro casal fez uso do livre-arbítrio, isto é, da liberdade de escolha que receberam.
Após a Queda, estando já Adão espiritualmente "morto" (Gn 2.17; Ef 2.1) e pecador "por natureza" (Ef 2.3), não perdeu a capacidade de livre-escolha. A imagem de Deus em Adão foi manchada, desfigurada, mas não destruída. Há vários textos que provam que o ser humano tem livre-vontade HOJE, como citei nesta série de artigos.
Mas é claro que, com o uso da lógica humana, pode-se dar definições outras ao livre-arbítrio, a fim de ajustá-lo à teoria predestinalista, pela qual se afirma que o homem não tem poder de decisão quanto à salvação.
É óbvio que o ser humano nada pode fazer para salvar-se, pois a salvação decorre da graça de Deus. Contudo, como não há imposição da parte de Deus ou graça irresistível, a maneira de se receber a graciosa salvação é por meio da livre-escolha. Portanto, não há eleição arbitrária ou graça irresistível. Isso, à luz da Bíblia.
CSZ
A questão é muito simples e, por isso, eu me recuso, com todo o respeito, a ficar filosofando sobre livre-arbítrio, livre-escolha, livre-vontade ou livre-sei-lá-o-quê.
1) A salvação é oferecida a TODOS porque o Senhor Jesus deu a vida por TODA a humanidade (Hb 2.9 e Jo 3.16).
2) QUALQUER pessoa que nEle crer, pode ser salva.
3) A salvação não é para quem foi eleito desde a fundação do mundo, e sim para QUALQUER que hoje crê em Jesus Cristo.
4) TODOS têm liberdade de escolher entre a vida e a morte porque não somos autômatos ou robôs, e sim pessoas dotadas de... chame como quiser.
5) O predestinalismo complica a simplicidade do evangelho, pois é inegável que TODOS podem receber a salvação, se confessarem o Senhor Jesus e crerem que Deus o ressuscitou dos mortos.
6) Por que digo que o predestinalismo complica tudo? Por que, mediante a lógica humana, diz que "todos" na verdade significa "todos os eleitos". Ora, Deus amou o MUNDO de tal maneira, e não os eleitos! E o Espirito Santo convence o MUNDO (Jo 16.8-11).
7) Nao me tenha mal, mas vale muito mais o que a Palavra DIZ do que o que eu penso sobre a livre-alguma-coisa.
A paz!
Em tempo, eu estive sim em Toledo, e foi muito bom!
CSZ