Pessoas sinceras me perguntam, nessa época de confusão doutrinária que antecede a vinda do Senhor Jesus, sobre o “cair no Espírito” e a “unção do riso”, etc. Elas desejam aprender a sã doutrina. Questionam, não para tentar pôr este expoente em apuros, mas porque querem ter um posicionamento definido, seguro, sobre o assunto.
O motivo da dúvida desses irmãos é compreensível, pois, quando estudamos sobre o avivamento de Azusa Street, em Los Angeles (1906), e acerca do início da Assembleia de Deus no Brasil (1911), são comuns as menções a momentos em que irmãos caíam sob o poder de Deus ou riam sem parar. Mas uma coisa é cair por não suportar a glória de Deus, e outra é ser lançado ao chão por um show-man. Uma coisa é alegrar-se na presença do Senhor, e outra é dar vazão a todo e qualquer tipo de manifestações, e ainda atribuí-las erroneamente ao Espírito Santo.
Ademais, as experiências relacionadas com o Movimento Pentecostal, ainda que envolvam santos como William Seymour e Gunnar Vingren, não devem ser supervalorizadas, a ponto de as equipararmos às incontestáveis verdades da Bíblia (Gl 1.6; 1 Co 15.1,2). Respeito esses pioneiros do pentecostalismo, porém, ao escrever este artigo, minha fonte — primária, inquestionável, primacial, infalível, inerrante — de autoridade continua sendo a Palavra de Deus (1 Co 4.6).
A Bíblia Sagrada é um livro de princípios, e estes devem ser considerados antes de qualquer análise de manifestações, independentemente das pessoas nelas envolvidas. E há vários princípios relacionados com o culto genuinamente pentecostal em 1 Coríntios 14.
O que diz a Palavra do Senhor em 1 Coríntios 14?
Primeiro: O propósito principal da manifestação multíplice do Espírito Santo em um culto coletivo a Deus é a edificação do seu povo (vv.4,5,12). Risos intermináveis e supostas quedas de poder edificam em quê?
Segundo: A faculdade do intelecto não pode ser desprezada no culto em que o Espírito Santo age (vv.15,20). Ninguém genuinamente usado pelo Espírito deixa de raciocinar normalmente, em um culto coletivo a Deus.
Terceiro: Um culto a Deus não deve levar os incrédulos a pensarem que os crentes estão loucos (v.23). O que pensam os não-crentes que assistem a certos vídeos disponíveis no YouTube, nos quais vemos pessoas caindo ao chão, rindo sem parar, rosnando, latindo, mugindo, rugindo, uivando e rolando umas sobre as outras?
Quarto: O culto coletivo deve ter ordem e decência; tudo deve ocorrer a seu tempo: louvor, exposição da Palavra, manifestações do Espírito (vv.26-28,40). Um culto que não tem ordem nem decência é dirigido pelo Espírito?
Quinto: No culto genuinamente pentecostal deve haver julgamento (segundo a reta justiça, conforme João 7.24), discernimento, a fim de se evitar falsificações (v.29). Leia também 1 Coríntios 2.15 e 1 João 4.1.
Sexto: Haja vista o espírito do profeta estar sujeito ao próprio profeta, é inadmissível que aconteçam manifestações consideradas do Espírito Santo em que pessoas fiquem fora de si (v.32).
Sétimo: O Deus que se manifesta no culto coletivo não é Deus de confusão, senão de paz (v.33). Quando um show-man derruba pessoas carentes de uma bênção ou os seus supostos opositores com golpes de seu paletó, além da confusão que se instala no “culto”, tal atitude não é nada pacificadora. E quem recebe a glória, indutivamente, é o próprio show-man.
Oitavo: Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, deve reconhecer os mandamentos do Senhor (v.37). O leitor está disposto a submeter-se aos mandamentos do Senhor? Ou é um daqueles que, irresponsavelmente, dizem: “Não podemos pôr Deus em uma caixinha. Ele sempre faz coisa nova”. Mas, então, para que serve a Bíblia, para nada? Não é ela a nossa fonte máxima de autoridade? Perderam as Escrituras o primado? Não é mais a Palavra do Senhor a nossa regra de fé, de prática e de viver? Gálatas 1.8 perdeu a validade?
Diante dos princípios apresentados em 1 Coríntios 14 e passagens correlatas, não há como considerar o “cair no Espírito” e a “unção do riso” como manifestações genuinamente do Espírito Santo! Não nos enganemos. O verdadeiro avivamento só ocorre quando há submissão à Palavra de Deus e ao Deus da Palavra.
Ciro Sanches Zibordi
Comentários
Admira-me a exposiçao da Palavra em seus post.
Queriamencionar por exemplo esse que me chamou atenção e dei glórias a Deus quando li:"Respeito esses pioneiros do pentecostalismo, porém, ao escrever este artigo, minha fonte — primária, inquestionável, primacial, infalível, inerrante — de autoridade continua sendo a Palavra de Deus (1 Co 4.6)."
Isso é muito fantástico nobre atalaia.Que Deus rica e poderosamente possa te abençoar
juntamente com sua familia.
Continue escrevendo pois tenho certeza que muitas vidas são edificadas pelos seus escritos.
Um forte abraço
Pb. Ednaldo Lopes
"A faculdade do intelecto não pode ser desprezada no culto em que o Espírito Santo age (vv.15,20). Ninguém genuinamente usado pelo Espírito deixa de raciocinar normalmente, em um culto coletivo a Deus."
Acho que a falta desse conceito bíblico leva-nos aos excessos em nome de Deus presenciados.
Deus abençoe, pastor!
Fico muito feliz quando leio um artigo como este em meio a tanta besteira que encontramos na grande rede a respeito do assunto.
Como muito bem exposto por Vossa Senhoria, entendo também que toda e qualquer manifestação sobrenatual em um culto genuinamente cristão deve estar pautada pelos princípios da Palavra de Deus. A Bíblia é muito clara sobre a liturgia neotestamentária (1 Co 14:26). O problema todo consiste em que grande parte dos cristãos de nosso tempo são muito preguiçosos para pagar o preço da oração, do jejum, da santificação para receber os verdadeiros dons do Espírito, e então ficam sedentos por estar na presença de qualquer "showman gospel" que diz possuí-los. Dessa maneira trilham o atalho que levará muitos à sua derrocada espiritual, como bem disse o Mestre
"Deixai-os; são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova". (Mt 15:14)
Precisamos de pensadores cristãos, urgentemente, porque às vezes sinto-me na idade média, com suas indulgências, e aberrações teológicas criadas pelos "super-ungidos".
Que o Senhor continue o abençoando e se utilizando de sua vida para abençoar a igreja do Deus vivo, coluna e firmeza da Verdade.
Em Cristo,
Marcelo Lima
Parabéns por essa postagem de esclarecimento, trazendo à luz as verdades Bíblicas que nos orientam para um culto genuinamente pentecostal, sem mistificações e desvios doutrinários. Venho seguindo há tempo suas mensagens e tenho gostado muito de seu posicionamento quanto a manutenção de nossas bases doutrinárias exaradas nos ensinamentos de Jesus e dos apóstolos.
Que Deus continue a abençoá-lo neste seu ministério!
Aceite um abraço do irmão em Cristo....
Pr. João Q. Cavalheiro
www.aramasi.blogspot.com
Tudo deve ser feito com moderação e discernimento. Mesmo o falar em línguas, a bíblia ensina que devem falar dois ou, quando no muito três e QUE HAJA INTÉRPRETE, se não houver intérprete esteja calado, fale consigo mesmo e com Deus. Que dirá então sobre outros tipos de manifestações que venham a descaracterizar a "ordem e decência" que devem ser patentes nas reuniões da igreja.
O que o Senhor nos poderia esclarecer referente aos versículos 27 e 28 do referido texto.
Faço esse adendo pois muitos amigos, alguns proveninentes das ditas denominações "tradicionais", se utilizam desses versóculos acerca de defender que o falar me línguas estranhas em um culto não é pertinente, muito pelo contrário, em via de regra é antibíblico.
Obviamente, eu como um pentecostal, discordo e tenho um ponto de vista fundamentado.
Mas gostaria muito de poder apreciar seu comentário sobre o aludido texto.
em Cristo,
Fico feliz em poder ter lido um artigo como este.
Louvado seja Deus por isso!
Eu já tive essa unção do riso. Mas claro que não foi com essa bagunça que se vê nas igrejas de Toronto...eu estava orando a Deus e falando em linguas e de repente começava a dar risada de alegria.
Vc já teve essa experiencia ?
.
T+++
Eu já pulei quando senti a presença de Deus, mas hoje, devido a minha seriedade, ao meu cargo na igreja e etc. só falo em línguas estranhas, choro, enfim, só não me manifesto mais através de pulos rodopios, etc. Na realidade não os acho mais necessários. Gostaria de uma opinião sua a respeito disso. É meninice pular, rodopiar, marchar num pé só, fazer movimentos que parecem golpes de artes marciais...enquanto se falam línguas estranhas??? Eu mesmo já fiz tudo isso, mas será que Deus quer que façamos mesmo essas coisas, mas com que intenção, com que objetivo?
Que Deus nos guarde!
Queria fazer uma pergunta ao senhor, muito mais para entender e ver o ponto de vista de um evangélico sobre um determinado assunto, não pense que tenho intenção de critica ou outra coisa que se assemelhe.
A pergunta é a seguinte:
Há alguns anos um trabalho minucioso e difícil foi concluído, a digitalização de uma bíblia antiga (a segunda bíblia mais antiga do mundo), “Codex Sinaiticus”, acredito que você já deva saber disso, mas a pergunta vem em cima do conteúdo do livro, é o seguinte:
O livro não tem todos os livros que contam do Canon bíblico atual, mas a pergunta está em cima dos livros que constam nesse exemplar.
Entre os livros que constam, os livros tidos como apócrifos pelos protestantes e chamados de deuterocanonicos do antigo testamento pelos católicos (existe deuterocanonicos no novo testamento também), dos sete livros contestados pelos protestantes, por não ser inspirados 7 estão dentro desse exemplar, daí vem a pergunta:
Tendo essa descoberta arqueológica, uma prova cabal dos livros usados pelos cristão, quem está certo, os protestantes que dão aos livros católicos da bíblia, chamados de apócrifos pelos protestantes o seu status de não inspirados, ou essa prova que foi achada, e que de forma inequívoca mostra que os cristão tinham e usavam os livros (apócrifos), como sendo inspirados?
Lembrando pastor que muitos dos livros (nesse exemplar) tinham uma pequena introdução e comentários sobre os livros bíblicos contido nesse Canon, e nesses introdutórios aos livros, ficou claro que os mesmos eram considerados inspirados.
Recapitulando:
É um exemplar da bíblia antiguíssima, 2 ou 3 século; onde contem livros tidos apócrifos pelos protestantes, tendo ao iniciar de cada livro um pequeno introdutório (ou texto explicativo), do livro que vinha a seguir, e nesses introdutório ficou claro que os cristão antigos consideravam esses livros inspirados, lembrando que só o livro estando nesse copendio da bíblia já o dá um status de inspirados, e como não fosse o suficiente, os comentários unidos ao texto dão explicações e informações do conteúdo inspirado.
Tendo uma prova dessa natureza, como fica a visão protestante sobre os livros tido como apócrifos?
O site para conferir o texto digitalizado se encontra aqui:
http://codexsinaiticus.org/en/manuscript.aspx
Fico às vezes pensando que queremos tanto entender a maneira de Deus operar, que parecemos querer colocá-lo em uma garrafa e obriga-lo a fazer apenas o que queremos, fico pensando na reação dos religiosos da época ao verem Jesus cuspir no chão fazer lodo e curar o cego, claro que se isso fosse no púlpito das nossas igrejas de hoje diríamos que Jesus era um menino sem conhecimento e um falso profeta.
Ou será que não agiríamos assim caro Pastor, no caso do celebre pioneiro Gunnar Vingren não entendo como suas experiências com Deus eram erradas e mesmo assim o senhor o usou para fundar esta tão gigantesca denominação da qual também faço parte, é claro que o senhor não deixou claro que as manifestações vividas por esse grande homem de Deus eram erradas, mais posso lhe falar caro Pastor que foi o que transpareceu.
Não sou menino espiritual, estudo a palavra, tenho um Pastor que é um grande homem de Deus e um Doutor em teologia e grande ensinador, que por acaso o senhor o conhece, é o Pastor Océlio Nauar de Tucuruí - PA, certa vez o senhor já esteve em nossa cidade para dar um seminário pela faculdade da igreja a Gamaliel, Confesso que não estava na igreja na época, uma pena pois queria muito ter participado, pela infinita misericórdia de Deus Pastor Ciro sou líder geral de jovens desta linda igreja, só estou falando isso para que o senhor entenda que sei bem pouco mais não sou um analfabeto Bíblico, Nobre Pastor minha opinião é que prefiro viver no meio destes meninos espirituais e ter experiências claras e profundas com Deus (e as tenho), do que ter medo de mergulhar no rio da revelação e viver uma vida sem experiências com Deus, opinião minha claro, respeito suas convicções pois nem eu nem o senhor temos uma verdade completa para essa questão.
É uma honra Pastor poder participar deste seu maravilhoso blog, também tenho um que estou começando e lhe indico nele se quiser dar uma olhada, agora, por favor, não compare os seus artigos com os meus (kkkk), Deus lhe deu este dom e muito conhecimento sou apenas um jovem tentando servir a Cristo e lutando para um dia ter o conhecimento que o senhor deu a muitos dos seus servos como o senhor Pastor.
Deus lhe abençoe e continue lhe usando de forma linda...
Marcos Melo
Meu Blog:
http://confmarcosmelo.blogspot.com/
Agradeço-lhe pelo comentário. Rev. Océlio Nauar é um grande amigo. Já tive o privilégio de estar com ele em Campo Grande-MS e em Lisboa, Portugal.
Quanto ao "cair no Espírito", não vou lhe responder agora, pois ainda hoje vou publicar mais uma postagem sobre o assunto.
Um grande abraço. Que Deus abençoe o seu ministério!
CSZ
Obrigado peo espaço.
Georges
#prontoFalei
Parabéns!