Tudo por dinheiro (1)


Em 2 Pedro 2.3 está escrito:

"e, por avareza, farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita".

Lembro-me da época em que os crentes que priorizavam as riquezas eram duramente criticados pelos pregadores...
Hoje, os pregadores da “nova onda” afirmam que é vontade de Deus que todos sejam prósperos na Terra. E acrescentam: “Adeus, pobreza do inferno! Você nasceu para ser rico! Não aceitamos a teologia da miséria”. Ser pobre — mesmo que as Escrituras digam o contrário (Hb 11.37,38; Tg 2.5) — é estar sob maldição. Bem-vindo ao evangelho da prosperidade!
Esse evangelho centra-se em verdades bíblicas pela metade, fora de contexto. E isso tem levado muitos crentes a pensarem que só passarão por privações ou dificuldades financeiras se um demônio — ou “encosto” — da miséria estiver por perto. Ora, enfrentar lutas nesta vida nunca foi nem será sinal de fracasso espiritual. O salvo pode ser pobre e continuar andando de cabeça erguida, haja vista o seu maior tesouro estar guardado nos Céus (1 Pe 1.3,4; 2.11; Fp 3.20,21).
De acordo com a falsa teologia da prosperidade, ser cristão implica ter uma vida abastada, longe dos problemas e enfermidades. Homens de Deus como Jó são considerados carnais, apesar de a Palavra de Deus afirmar que esse patriarca era sincero, reto, temente a Deus e desvia-se do mal (Jó 1.1-3). Mesmo depois de ele ter perdido todos os seus bens, continuou fiel ao Senhor, dando-lhe glória e mantendo as mesmas qualidades mencionadas (Jó 1.20-22; 2.3; 13.15).
Os propagadores desse “outro evangelho” comercializam “bênçãos”, mercadejando a Palavra do Senhor (2 Co 2.17, ARA). Afirmam que ser rico é uma prerrogativa do crente, associando de forma errada a pobreza à vida de pecado — dominada pelo Diabo — ou à falta de fé. Tais pregadores dão uma ênfase exagerada à contribuição financeira e priorizam a conquista de bênçãos na Terra. Brincam com coisa séria, fazendo gracejos do tipo: "Jesus só nasceu numa estrebaria porque os hotéis luxuosos de Jerusalém estavam lotados". Com isso, desviam os crentes das doutrinas fundamentais da fé cristã.

Qual é a nossa prioridade?

Segundo a teologia da prosperidade, todos os crentes devem ser ricos materialmente e recuperar, pela fé, o estado original que Adão e Eva tinham antes da Queda. No entanto, Deus não criou o homem rico; antes, colocou-o no jardim para trabalhar (Gn 2.8-15). O trabalho precede o pecado e não deve ser confundido com a maldição decorrente da Queda (Gn 3.19).
Ninguém sobrevive sem alimento. A comida para o corpo é insubstituível. Contudo, Jesus falou de uma comida ainda mais importante e prioritária: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4.34). E Paulo também disse: “... o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17).
Ter uma vida abastada é muito bom, mas não é a nossa prioridade. Precisamos aprender com Jesus, e não com os teólogos da prosperidade. Lamentavelmente, hoje, até mesmo os telepregadores que eram tidos como ortodoxos embarcaram nessa "canoa furada" de mercadejar a Palavra de Deus. Falam como se a vida cristã se resumisse em ter saúde, bens, dinheiro, dispensa cheia... Tudo gira em torno de prosperidade financeira. No entanto, Jesus ensinou: “Trabalhai não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna...” (Jo 6.27).
"Deus não quer que eu prospere financeiramente?", alguém perguntará. É claro que Ele deseja vê-lo próspero, mas você precisa entender melhor o que é prosperidade, à luz da Bíblia. A melhor definição para o verbo “prosperar” é “florescer”. A palavra “prosperidade”, do latim prospérus, significa “feliz, ditoso, florescente”. E, nesse sentido, a Palavra de Deus afirma: “O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro do Líbano. Os que estão plantados na Casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e florescentes” (Sl 92.12-14).
Segundo a Bíblia, florescer como uma árvore significa prosperar em todos os sentidos (Sl 1.1-3) e dar muito fruto (Jo 15.1-5). Sabemos que uma árvore não cresce apenas para cima ou para os lados; cresce também para baixo; tem raízes. Essa, por conseguinte, é a prosperidade que o Senhor quer dar aos seus filhos: um crescimento em todas as direções. É um grande engano encarar a prosperidade material como um fim em si mesmo (Mt 6.33; 12.16-21). Mas nem todos podem aceitar essa verdade da Palavra de Deus...

Com temor e tremor,

Ciro Sanches Zibordi

Comentários

Anônimo disse…
Obrigada por ter ignorado a minha pergunta.
Prezada Isabela,

Eu tenho um defeito. Não ignoro perguntas, por mais difíceis que sejam. Sempre, de alguma maneira, eu as respondo. Mas algumas, é claro, nem merecem ser respondidas. Jesus também deixou de responder algumas...

Mas, no seu caso, sinceramente, não me lembro. Você se importaria de perguntar de novo? Por favor...

Um abraço.

CSZ
Anônimo disse…
UM certo pregador de prosperidade foi ministrar na África a convite,chegando lá, presenciou a extrema pobreza daquele povo,mas, mais supreso ficou,quando presenciou a extrema alegria que aquele povo sentia por servir a cristo.Voltou para o seu país certo de uma coisa, a maior riqueza que o homen tem, é CRISTO.
Anônimo disse…
Pastor...eu também lhe fiz uma pergunta e espero que o senhor não tenha respondido não por que achou que ela não merecia resposta mas sim por conta da sua rotina que eu acredito ser bastante atarefada, então eu a repito..., fiz esse comentário quando osenhor publicou um estudo de que os salvos em cristo não receberam o sinal da besta...

Françoise Guimarães disse...
Pastor, eu assisti a um filme , que provávelmente o senhor que me parece tão atualizado já deve ter ouvido falar, inclusive é uma trilogia...Deixados para trás....
O que realmente ira acontecer com quem não for arrebatado? Eles jamais serão salvos?
A biblia fala de tempos trabalhosos,tribulosos...
Mas o que acontecerá realmente com quem só se converter após o arrebatamento?

6/8/07
Desde já agradeço.
Caro Françoise,

O seu caso é diferente. Eu não respondi à sua pergunta porque o próprio artigo a responde. Basta ler com atenção.

Portanto, por gentileza, releia o artigo que foi "deixado para trás"...

Em Cristo,

CSZ
João Ricardo disse…
Pr Ciro
Fiquei com curiosidade de ler seu artigo: Deixado para Trás.
Mas não estou encontrando, o senhor poderia colocar o Link?

Em Cristo

João Ricardo