Como se defender de ataques verbais?


Li, há pouco tempo, o livro Como se Defender de Ataques Verbais, de Barbara Berckhan (Sextante). A obra é muito boa. Mas, há milhares de anos, um rei de Israel chamado Salomão antecipou os principais conselhos da autora, como este: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Pv 15.1).

Em Provérbios 26.4,5 há uma aparente contradição sobre como responder aos ataques verbais: “Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também te não faças semelhante a ele. Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que não seja sábio aos seus olhos”. Para entender o que Salomão quis dizer com esse jogo de palavras, não devemos isolar as suas frases; temos de examinar o contexto.


No versículo 4 somos ensinados a não responder ao tolo da mesma maneira que ele, como que se colocando no mesmo nível. Isso se coaduna com o que está escrito em 1 Pedro 3.15: “estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. Ou seja, se alguém for zombeteiro e maldizente, não devemos responder-lhe com zombaria ou xingamentos.


Se não existe contradição na passagem em análise, como entender o versículo 5, que parece contrariar o conselho contido no versículo 4? Tendo em mente a instrução de não responder ao tolo segundo a sua estultícia — isto é, de modo contencioso, escarnecedor, irascível, etc. —, leiamos o versículo 5 na versão espanhola de Casiodoro de Reina: “Responde al necio como merece su necedad, para que no se estime sabio en su propia opinión”.


O melhor exemplo para nos ajudar a entender a passagem em apreço é o diálogo entre Jesus e a mulher de Samaria, registrado em João 4. Quando ela parecia irritada com a abordagem do Senhor, que lhe pedira água, agrediu-o com palavras. Ele podia ter virado as costas para ela. O que fez o Senhor Jesus? Ele não lhe respondeu segundo a sua tolice; não se igualou a ela, empregando o mesmo tom provocativo. Por outro lado, paradoxalmente, lhe respondeu segundo — ou como merecia — a sua insensatez.


Fico pensando: Como nós responderíamos a essa pergunta: “Como sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou samaritana?” É possível que alguns de nós dissessem àquela mulher samaritana: “OK. Então fique com a sua opinião, que eu fico com a minha, sua ignorante”. Mas o Mestre deu à mulher a resposta que ela merecia: “Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva”.


Lembremo-nos de que as armas da nossa milícia não são carnais (2 Co 10.4). Temos várias armas de defesa: o capacete da salvação, a couraça da justiça, os calçados da preparação do Evangelho da paz, o escudo da fé e o cinto da verdade. E a nossa única arma de ataque é a espada do Espírito, a Palavra de Deus (Ef 6.10-18).


Como devemos responder ao néscio? Se ele falar o que quiser, sem que as suas ideias errôneas sejam refutadas, pensará que é sábio. Por isso, devemos lhe responder, mas sem descer ao nível dele. A nossa argumentação com os tolos dever ser amigável, amistosa, sem contender (2 Tm 2.24-26), pois o que ele mais deseja é que nos irritemos com as suas provocações. Sejamos sábios, “remindo o tempo, porque os dias são maus” (Ef 5.16).


Ciro Sanches Zibordi

Comentários

Marcos Matos disse…
Shalom Adonai, pr. Ciro!

Bela explanação bíblica em forma de artigo. Muito edificante!

Abraço!
Anônimo disse…
O que o senhor acha do novo livro do Edir macedo que está fazendo muito sucesso. O Nome do livro é ´´crentes possessos´´.
Interessante a tradução espanhola que diz: responde ao tolo segundo a sua necessidade, ou seja, na sua ignorância temos que responder para ele obter conhecimento do que é verdadeiro e ele ainda não conhece, concorda Pastor Ciro? um abraço meu irmão.
Anônimo disse…
Olá prezado Pr Ciro, lhe coloquei na lista de parcerias do meu blog, http://missaonolar.blogspot.com, poderia por o meu blog na sua lista de parceiros? Jesus abençoe o seu ministério..
Tadeu de Araújo disse…
Pastor Ciro, graça e paz!
Acreditamos que todo o ser humano,por mais espiritual e equilibrado que o seja,não está livre de reagir, de maneira brusca, a ataques verbais.É prova de que todos são imperfeitos.
Temos observado,em nossa convivência, tanto no relacionamento secular quanto no religioso,que a grande maioria das pessoas vive com os nervos à flor da pele.E o pior é quase sempre.E muitas vezes sem nenhuma justificativa aparente.Quando alguém assim procede, de maneira constante, aconselha-nos o bom senso, que é necessário cautela em relação à pessoa, para evitarmos possíveis dissabores.
Diz-nos a Bíblia:" Se for possível,quanto depender de vós, tende paz com todos os homens"(Romanos12.18).
Se é que não estamos errados, todavia, muitas vezes é fundamental a distância,para termos harmonia com alguns seres humanos.
Que deixemos o Eterno Jesus, não ser apenas nosso Salvador, mas também ser o Senhor de nossas atitudes enquanto aqui estivermos.
Em Cristo,
Tadeu de Araújo
Irretorquível. Quem lê, entenda. Que o Senhor te abençoe cada vez mais, Pastor Ciro.
Anônimo disse…
Ao invés de explicar você só complicou a parada...
Anônimo disse…
Muito bom