É justa a campanha “Rio sem homofobia” em um Estado em que o povo sofre com muitas fobias?


O termo “homofobia” está na moda, mas tem sido empregado de modo equivocado para definir qualquer discordância do homossexualismo. Observe o que ocorre nos debates e audiências públicas sobre o assunto. Basta alguém discordar do aludido movimento para ser tachado de homofóbico.

Graças a Deus, em termos educacionais, não vivemos mais em “Tempo de trevas”, e muitas pessoas têm aprendido a usar corretamente cada termo da língua portuguesa. Mas, para quem ainda não sabe, fobias não são manifestas por opiniões discordantes ou críticas a certos comportamentos. O termo “fobia” alude a uma doença (um tipo de neurose), à luz da psicopatologia, a qual se traduz por medo exagerado, falta de tolerância ou aversão.

Fobia é um estado de angústia, impossível de ser dominado. Quando certos objetos, tipos de objeto ou situações se fazem presentes, imaginados ou mencionados, a pessoa portadora de alguma fobia tem reações violentas de evitamento.

Existem muitas fobias, como: acrofobia, aerofobia, agorafobia, androfobia, anglofobia, astrofobia, bibliofobia, biofobia, claustrofobia, cleptofobia, enofobia, ereutofobia, ergofobia, erotofobia, evangelicofobia, fonofobia, fotofobia, francofobia, galofobia, gimnofobia, ginecofobia, heliofobia, hematofobia, heterofobia, hidrofobia, hipnofobia, homofobia, militofobia, misofobia, monofobia, musicofobia, necrofobia, neofobia, nictofobia, nosofobia, nudofobia, oclofobia, panfobia, pantofobia, patofobia, pirofobia, potamofobia, pseudofobia, psicrofobia, russofobia, semitofobia, sitiofobia, tanatofobia, teofobia, topofobia, xenofobia, zoofobia, etc.

Há pouco tempo, o Estado do Rio de Janeiro lançou a campanha “Rio sem homofobia”, o que eu considero um erro de priorização do governo, haja vista existirem causas muito mais nobres e necessárias do que o combate à homofobia. É evidente que a homofobia (homofobia, mesmo) precisa ser combatida, mas não com essa exclusividade, como se fosse o pior dos males das terras fluminenses.

Penso que o governador deveria se preocupar com todos os tipos de fobia, visto que todos eles fazem mal aos seus portadores e à sociedade, como um todo. Por que ele não dá maior atenção, por exemplo, às vítimas das recentes tragédias de Angra dos Reis, Niterói e Região Serrana, as quais ainda sofrem os horrores da hidrofobia, da astrofobia, da potamofobia e, principalmente, da tanatofobia?

Sinceramente, outra boa campanha para o Rio de Janeiro seria: “Rio sem bibliofobia”, visto que há muita gente que tem horror e aversão aos livros. Como disse o escritor Pedro Bandeira, recentemente, “Ainda temos uma cultura ruim, em que os pais não hesitam em comprar um tênis de grife para o filho, mas chiam quando a professora manda comprar um livro de R$ 20”.

A agorafobia — medo mórbido de se achar sozinho em grandes espaços abertos, como um shopping center, ou de atravessar lugares públicos — também parece estar crescendo no Rio de Janeiro, por causa da violência. Por que não lançar a campanha “Rio sem agorafobia”? Aliás, creio que muitas pessoas que utilizam transporte público podem estar desenvolvendo a hafefobia (medo mórbido de ser tocado ou apalpado), em razão dos assaltantes e aproveitadores de mulheres que agem livremente em ônibus, trens e metrôs.

Algumas pessoas, de tanto ver sangue de vítimas da violência urbana, podem desenvolver a hematofobia. Outras, por falta de segurança, já apresentam sintomas de nictofobia (medo mórbido da noite). E outras, ainda, não conseguindo dormir, por causa da ameaça constante de bala perdida, desenvolvem a hipnofobia (medo de dormir, terror ou medo durante o sono).

Que tal, ainda, o governo lançar as campanhas “Rio sem nudofobia” ou “Rio sem patofobia”? A situação dos hospitais públicos é tão precária, que as pessoas estão desenvolvendo um medo mórbido de determinada doença (nudofobia) ou de doenças (patofobia). Imagine o terror de um morador de comunidade carente que descobre ter uma doença grave.

Outra sugestão: “Rio sem misofobia”. Devido à má educação das pessoas, que as leva a emporcalhar os lugares públicos — inclusive em passeatas patrocinadas pelo governo —, muitos estão desenvolvendo um medo mórbido de sujeira, imundícies ou de contaminação (misofobia). Eu mesmo fico chocado quando preciso ir aos centros do Rio de Janeiro ou de Niterói. Por que não lançar uma campanha, em parceria com as prefeituras, para cuidar melhor do patrimônio público?

Para sintetizar, sugiro ao governador do Rio de Janeiro que lance a campanha “Rio sem pantofobia” ou “Rio sem topofobia”. Pantofobia é o medo de tudo, e topofobia, o medo de certos lugares. Afinal, os cidadãos não deveriam ter medo de nada. Isso é uma utopia? Pode ser. Mas quem viaja para alguns países da Europa apercebe-se de como o Rio de Janeiro ainda é um Estado aterrorizante, que contribui para o desenvolvimento de muitas fobias.

Respeitosamente,

Ciro Sanches Zibordi

Comentários

É um absurdo, o governo do Rio de Janeiro tinha mais é que se preocupar com os desabrigados da tragédia da Região Serrana.
Régis disse…
Paz do Senhor Pr. Ciro!

Permita-me tomar a sua sugestão ao Governo do Rio de Janeiro para utilizá-la como sugestão à outro Rio e seu Governo... o Rio Grande do Sul.

Grande abraço.

Régis de Oliveira
Canoas/RS
Roberto Luis disse…
Paz do Senhor!
Pastor Ciro o seu Humor critico é o que mim faz cada dia gostar mais do senhor, coisas que a nosso ver parecem pequenas na sua visão de águia o senhor rebate de uma forma fascinante. E esta matéria foi espetacular sobre homofobia.
Dc Roberto Luis
Gravatá-PE
Meu Blog http://robertoumavoz.blogspot.com/
A paz do Senhor!

Fico entusiamada ao ler um artigo inteligente como o seu sobre homofobia, parabéns.
Prezamigo e nosso pr. Ciro Zibordi,

A paz de Cristo, o nosso Senhor!

Socorro! Penso que estou com uma fobia exagerada. Estou com grafitefobia.

Não consigo acreditar quando vou ao Brasil, e verifico a falta de vergonha na cara dos políticos em permitir as pichações em todas as partes e por todas as partes dos bairros.

É uma agressão visual, principalmente para quem reside na Flórida, ou seja, um lugar em que o verde transborda e não se permite pichadores.

A prisão tem valor e é utilizada, apesar de ao ser comparada com as prisões do Brasil, ser identificada como um hotel de muitas estrêlas - ouví isto de un filho de brasileiro que passou um ano dentro de uma.

Não sei se foi um sonho mal, mas penso ter lido em algum informativo do Brasil que, não será considerado crime o ato de pichar ou de ser pichador. Triste!

Parabéns por esta matéria (e as outras) que discorre com total expressão e possibilita aos leitores necessitados da seriedade necessária, sem agressão e até com a arte de se fazer rir, com a plena educação.

Este valor deve ser aplicado por muitos que certamente estão aprendendo com suas matérias e adquirindo o valor de uma boa exposição das letras, palavras e parágrafos.

O Senhor seja contigo, nobre atalaia!

O menor de todos os menores.
Tamar disse…
Em sampa temos ainda caixa-eletronicofobia, semaforoanoitefobia, nóiafobia, torcidaorganizadafobia, bandidoescondidofobia, cocôdecachorrofobia, telemarketingfobia, congestionamentofobia, motoqueirofobia, somaltodecarrofobia, saidinhadebancofobia, bocadedrogafobia, metroetrematrasadofobia.
Que medo!
Pastor Ciro...

Esse,definitivamente, é um dos seus textos mais "inspirados".

Que Deus continue a iluminar suas reflexões.Tenha certeza que elas de uma forma geral, não só teológica, estão nos abençoando muito.

Pr.Paulo Cesar
Ministério Religare
Walter Filho disse…
Realmente, existem "fobias" muito mais graves a serem tratadas tanto Rio como no Brasil inteiro.

Parabéns pelo texto. Inspirador, necessário e urgente.

Walter Filho
Izaldil Tavares de Castro disse…
Caro irmão, Pr. Ciro; que a doce Paz de Jesus Cristo esteja com você.
Que lição! Terá o Governador do Rio de Janeiro e/ou sua equipe tomado conhecimento de sua mui rica explanação? Terá ele tão duro coração que se não comova diante de tamanha e clara realidade? Lembra-me, neste momento, que Deus permitiu de tal maneira o endurecimento do coração do Faraó (um preparado homem)que ele não entendeu a mensagem de Moisés. Terminou por sofrer as penas a que se sujeitou.
Admiro sobremodo o seu estilo, a sua redação, o seu conhecimento da querida língua portuguesa! Esse texto é mais uma das suas belas lições de Português! Parabéns!
Mas não é só isso: esse texto é uma mensagem de Deus, pela pena do profeta a todas as autoridades deste nosso país. Os que não ouvirem, caminharão ininterruptamente para a companhia do monarca egípcio.
"Israel", entretanto, será libertado dessas garras ferinas de Satanás.
Meu afetuoso abraço.
jorge melo disse…
É pr.Ciro eu sei que fostes chamado para a obra do SENHOR para ensinar a palavra de DEUS, mas, questionei ao MESTRE, " Porque não colocar o Pr. Ciro SENHOR tb no poder legislativo, , como deputado, senador, governador,etc,assim como foi José, Davi ? Mas, DEUS ficou no silencio.
Seria muito bom para esta nação,ter o Pr. Ciro, como uma voz ativa e eficáz da palavra de DEUS, no congresso ou na camara, mas....o MESTRE é quem sabe o que faz.
É ELE que que muda os tempos e as horas, ELE remove os reis e estabelece os reis...dan.2.21
Vamos prá frente.Quem sabe ?