O princípio bíblico da generosidade


No próximo domingo, as igrejas evangélicas que adotam as Lições Bíblicas da CPAD estudarão a respeito da generosidade (liberalidade, magnanimidade), não apenas como uma virtude de quem se dispõe a ajudar o próximo ou um ato de benevolência, mas como um princípio norteador da vida cristã. Daí o comentador da presente lição asseverar, na Verdade Prática: “A generosidade é um princípio que deve preencher o coração alcançado pela graça de Deus”.

O que é um princípio?

É o que serve de base a alguma coisa; a causa primeira, a raiz, a razão; o ditame moral; a regra, a lei, o preceito. Trata-se da proposição elementar e fundamental que serve de base a uma ordem de conhecimentos. É, ainda, uma lei de caráter geral com papel fundamental no desenvolvimento de uma teoria e da qual outras leis podem ser derivadas. Por exemplo: o princípio da prioridade (1 Tm 2.13; 1 Co 12.28; 15.23; 1 Ts 4.16,17; 5.23, etc.); o princípio da igualdade, mencionado na página 66 da revista Lições Bíblicas Mestre: “O princípio da igualdade refuta as diferenças sociais”.

Não confundamos princípios com mandamentos (Lc 1.5,6)

Os mandamentos são específicos (cf. Mc 16.15; Jd v.23). Os princípios são gerais (cf. Lc 9.23; Rm 12.1,2). No Antigo Testamento há inúmeros princípios, especialmente no livro de Provérbios (cf. 22.2; 20.21; 12.27; 6.27,28; 4.27). Nas páginas neotestamentárias também há uma grande quantidade de princípios que regem a vida cristã e nos oferecem respostas para questões não respondidas através de mandamentos (1 Co 6.12; Hb 12.1; 1 Co 10.23; 1 Ts 5.22, etc.).

Segue-se, pelo estudo dessa lição dominical, que o cristão não é generoso apenas porque a generosidade é um mandamento. Ele é generoso porque há um princípio norteador por ele observado, o qual o leva a ser hospitaleiro, bondoso, generoso (Lv 23.22; Dt 15.11; Sl 82.3; At 11.28-30; Gl 2.10; 6.10; Tg 2.15,16; Hb 13.2,3,7,16, etc.).

O princípio da generosidade se contrapõe também à Teologia da Prosperidade

Por quê? Porque que o texto básico da lição (2 Coríntios caps. 8-9) mostra que “a comunidade de fé em Jerusalém passava por sérias dificuldades. Então, os apóstolos solicitaram a Paulo e a Barnabé que se lembrassem dos pobres (Gl 2.9,10), e eles trouxeram uma contribuição de Antioquia a Jerusalém conforme está registrado em Romanos 15.25-32. (...) O princípio da generosidade está fundamentado na ideia de doar e não de ter (2 Co 8.12)” (Lições Bíblicas Mestre, CPAD, p.64).

Como se vê na revista Lições Bíblicas, alguns trechos de 2 Coríntios caps. 8-9 contêm pormenores da chamada Teologia da Generosidade, a qual, é claro, não deve ser confundida com a Teologia da Libertação: “Filantropia sem generosidade não tem valor. A boa filantropia é aquela que baseia suas obras no princípio do amor, que supera todas as deficiências e nos torna úteis ao Reino de Deus” (idem, p.67).

O autor da lição em apreço apresenta exemplos de ações generosas mencionados em 2 Coríntios caps. 8-9: os macedônios (8.1-6): apesar de pobres, esses irmãos ofertaram do pouco que tinham para socorrer os irmãos de Jerusalém; o próprio Senhor Jesus (8.9), que, pela graça, esvaziou-se, aniquilou-se a si mesmo, recebendo a recompensa para o seu ato de generosidade para com a humanidade (Fp 2.5-11; At 10.38; 1 Jo 2.6); e os coríntios (9.1,2): estes foram generosos para com Paulo e seus companheiros (2 Co 8.6-12), e deveriam continuar observando o princípio da generosidade (2 Co 8.1).

Paulo encorajou os crentes de Corinto a serem generosos (2 Co 8.7-11). Esse apóstolo mostrou aos coríntios que a missão assistencial da igreja é a continuação da obra de Jesus e os seus primeiros apóstolos (cf. Lc 4.18,19; At 2.42-45). E também os ensinou a atentarem para a generosidade recíproca, mútua, bilateral, a fim de que, entre eles, não houvesse espaço para a fome e a nudez.

Conclusão

Quando a vida cristã é norteada, orientada, pelo princípio da generosidade, há liberalidade na contribuição financeira. É claro que contribuímos também por obediência aos mandamentos (Dt 14.22; Ml 3.8-10; Mt 23.23), mas sobretudo por liberalidade (2 Co 9.5,7; Rm 12.8). Nesse caso, a contribuição do cristão não se restringe aos 10% (dízimo). “Portanto, não há limite para a contribuição (2 Co 9.10)” (Lições Bíblicas Mestre, CPAD, p.66).

Outra disposição de quem tem a vida norteada pelo aludido princípio é a de socorrer pessoas necessitadas. A pregação do Evangelho (a Grande Comissão) deve abarcar o socorro aos necessitados (Mc 16.15-18; Gl 2.9,10). E isso envolve outros três princípios ligados ao da generosidade: o da mutualidade: o cristão deve atentar para a reciprocidade e para a solidariedade (At 2.44,45; Lc 10.25-37); o da responsabilidade: isso implica cuidado com a obra de Deus e com os necessitados (2 Co 8.4; 9.7; Gl 6.9,10); e o da proporcionalidade: o cristão deve contribuir, como já vimos, de acordo com as suas possibilidades (2 Co 8.12).

Finalmente, a vida orientada pelo princípio da generosidade só é possível pela graça. O cristão autêntico, verdadeiramente renascido, não contribui com segundas intenções, para receber bênçãos em troca de seu suposto ato de generosidade. Ele é generoso pela graça de Deus e porque o Espírito Santo controla o seu viver (Gl 5.22; Ef 5.9). Mas, ao fazer isso, está glorificando ao Senhor e grandemente será abençoado por Ele (Fp 4.18; At 20.35; Ec 11.1; Hb 6.10; Ap 22.12).

Ciro Sanches Zibordi

Comentários

marcilo Magalhaes disse…
A paz do senhor pr. Ciro louvo a Deus por ver seu comentário e penso como você,não concordo com esse mercantilismo que tem sido feito por muitos pastores até mesmo alguns da nossa igreja, a oferta,contribuição e dizímo não pode ser usado como moeda de troca e sim como uma prática comum do servo de Deus.
Marcilo Magalhaes
Meruoca-ce
n3tho disse…
Pastor Ciro, muito bom seu artigo!

Só lendo a lição, achei que o comentarista forçou um pouco ao falar sobre o dízimo, dizendo que o cristão deveria contribuir por ser um mandamento, e utilizando Malaquias para isso.

Falando nisso sempre vamos cair na mesma pergunta.

Não dar dizimo é pecado? (rouba-mos de Deus)

Não dar dizimo perde a salvação(sim porque dai viveriamos em pecado)

Levando em consideração que não dar o dizimo é pecado, o "crente" não deveria ser disciplinado por isso?

Em minha humilde opnião o dizimo é uma gratidão do cristão com Deus e não um mandamento.

Foi LEI para ISRAEL e é GRAÇA pra nós!

Fica na Paz!
Muito bom, prezado pastor.
Deus abençoe sua vida.
Anônimo disse…
a paz pastor ciro.
sem duvidas a resvista de liçoes biblicas desse 01º trimestre de 2010 e muito abramgente, e muito rica em detalhes para o nosso aprendizado espiritual, em se tratar como tema 2-corintios aprendemos muito com o apostolo paulo,
eu como superintendente da escola dominical posso afirmar que todas as revistas editada pela CPAD tem sido uma bençao.

''eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas''

fique na paz.

helio costa
A Paz do Senhor Jesus Pastor Ciro.

Gostei de sua postagem, muito boa.

Já que o assunto fala de contribuições, gostaria de tirar algumas dúvidas com o Sr.

O Dízimo era lei para Israel, então com isso uma obrigação; e nós que somos da Nova Aliança devemos dar o Dízimo ou não?
Qual a explicação Neotestamentária acerca desse assunto que causa tanto debate hoje?

Se o Sr. puder responder será de grande utilidade, pois aqui, alguns irmãos estão confusos, e se essas lacunas forem fechadas, chegaremos ao bom senso a respeito desse assunto.

Que a Paz do Senhor Jesus seja com todos.
Caro irmão Ursulino,

A paz do Senhor!

Boa parte dos debates em torno da validade do dízimo para os dias de hoje se dá em razão de muitos ainda não terem a generosidade como um princípio norteador da vida cristã. É claro que exite o dever de contribuir nas igrejas evangélicas, sobretudo nas Assembleias de Deus, desde as suas origens. E isso tem apoio bíblico neotestamentário, principalmente em Mateus 23.23 e no livro de Hebreus.

Jesus estabeleceu a graça, como lemos em João 1.17, mas não invalidou a lei. Muitas coisas que prevaleciam no tempo da lei permanecem hoje (leia Mateus 5-7). Quanto ao mandamento "Não adulterarás", por exemplo, o Senhor Jesus não o anulou; antes, esse mandamento da lei foi mantido e ampliado, com o acréscimo do aspecto psicológico, não contemplado no tempo da lei.

O dízimo é um mandamento para hoje, sim. Mas não contribuímos por pressão do mandamento ou por medo de perder a salvação, com bem observou o pastor Renato Vargens, em um de seus recentes artigos. Contribuímos para a obra do Senhor, em primeiro lugar, porque a nossa vida é orientada pelo princípio bíblico da generosidade.

E, quando o cristão tem a sua vida norteada por tal princípio, ele não se preocupa tanto com questiúnculas. Ele simplesmente contribui com alegria, tanto com o dízimo, como com as ofertas, voluntariamente, sem pressão psicólógica por parte do seu pastor (o que é um grande erro), sem segundas intenções, etc. Ele simplesmente contribui por ser generoso.

Em Cristo,

CSZ
Paz do Senhor.
Gostei da sua abordagem sobre o assunto! O sr. deveria comentar mais lições, principalmente a de jovens e adultos.
Que Deus em Cristo te abençoe!
Graça e Paz.
RAC
"E a proposta de ser generoso para com os irmãos da Paraíba esta de pé".
Gilmar Valverde disse…
Prezado Pr. Ciro,

Quanto a obrigatoriedade do dízimo confirmada pelo Novo Testamento, vale ressaltar a passagem homônima de Mt 23.23 que é Lc 11.42 (isso para aqueles que acham que verdade na Bíblia só é verdade quando dita mais de uma vez).

Em Cristo,
Gilmar
Honório Guedes disse…
A Paz do Senhor Pastor Ciro, parabéns pelo seu comentário achei excelente, e que possamos realmente viver o cristianismo autêntico, e que a generosidade seja constante em nossas vidas, e que a fé e as obras sejam inseparáveis.
abraços Fraternais!
Josedson Santos disse…
Pr. Ciro a paz do Senhor!Fiquei muito feliz em ver no seu blog comentario sobre a lição biblica, certamente irá ajudar a muitos professores de EBD na preparação de suas aulas. Gostaria de lhe sugerir que o senhor postasse em seu blog comentarios semanais de cada liçao, assim encontrariamos subsidios seguros e que nos ajudaria muito. Pense nesse sugestão.
Moacir Viana disse…
já vi que para um crente ser generoso resume se a ele dar o dízimo na igreja, pelo menos é o que parece que a turma entendeu da postagem toda, pois parece ser a única coisa comentada , a parte do dizimar, e olha essa parte é simplismente o "guadjuvante" da historia da postagem.
mauro soares disse…
Amado Pr. já tem um bom tempo que não nos falamos, mas Deus sabe de todas as coisas, venho pedir-te para visitar o meu blog e marcar para falarmos sobre o assunto que envolve a construção de um monumento em charitas.
blog. www.missionariomaurosoares.blogspot.com
agurdo contato.
abraço e que Deus continue te abençoando.
Missinário Mauro Soares